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Brasil Carbono Zero, nossa parte no controle do aquecimento global, agora tem plano detalhado

Temer entregará a Bolsonaro estudo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima detalhando como o País pode chegar a 2060 com emissões zeradas


Foto: Sérgio Francês/PSB

Presidente, por força da condição de chefe de Estado, do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Michel Temer assumiu o compromisso de levar ao governo eleito, nesse final do processo de transição, do estudo indicando caminhos para o Brasil chegar a 2060 como um país Carbono Zero. Nessa condição, a economia absorve a mesma quantidade de carbono que lança na atmosfera, controlando as emissões de forma a manter o aquecimento global sob controle, limitado a um grau e meio Celsius. A diferença parece pequena a olhos leigos, mas se for ultrapassada fenômenos como enchentes, secas e desertificação podem sair de controle, conforme explica o coordenador-executivo do Fórum, Alfredo Sirkis.

O documento entregue na quarta-feira à tarde, no Palácio do Planalto, resulta de encomenda feita em setembro pelo presidente Michel Temer, e é uma avaliação preliminar. Elaborada em 120 dias, com base em um relatório da Coordenação de Pesquisa e Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a projeção é de que a meta é factível. Para efeito de comparação, a Espanha, com um Produto Interno Bruto de porte semelhante ao Brasil, e extensão territorial bem menor, fixou a meta do Carbono Zero para 2050, como Portugal, economia que também não figura entre os carros-chefes da União Europeia.

Para estimar a viabilidade da meta brasileira, de Carbono Zero em 2060, as equipes da Coppe e do Fórum partiram de tecnologias disponíveis em escala comercial no momento, sem prever tecnologias disruptivas, de maior impacto, como o uso de células-tronco para produzir carne sintética em tudo semelhante à natural, ou o avanço exponencial de baterias capazes de armazenar quantidades bem maiores de energia, aumentando a escala de eletricidade de geração fotovoltaica ou eólica, usando o sol ou o vento.

"Na verdade,  o estudo é coerente   com a  Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil. Coloca-nos perante ao mundo  como uma potência agroflorestal, de biocombustíveis, e energias limpas e com fortes vantagens competitivas”, completou ele.

A NDC é a meta fixada por cada país, soberanamente,para limitar o efeito estufa e, com isso, o aumento na temperatur média do planeta a um grau e meio celsius, recentemente mencionada pelo IPCCC como aquela que previne efeitos mais catastróficos do aquecimento global.

Sirkis também releva que, junto com o documento será entregue ao presidente um curto resumo Mudanças Climáticas, Riscos de Oportunidades, que o Fórum pretende encaminhar ao futuro governo,  onde são resumidos os grandes  riscos para o Brasil representados pelas mudanças climáticas mas também as oportunidades econômicas de uma política de baixo carbono para a qual o país como uma grande vantagem competitiva.

O documento lista, por exemplo, como possíveis riscos para o Brasil a elevação do nível do mar com inundações de áreas costeiras e a desertificação e  dentre outros fatores, além de elencar medidas importantes para o combate ao aquecimento global como o reflorestamento e o uso de energia limpa.  
 
"O Fórum Brasileiro  de Mudança do Clima que tem componentes de governo, setor empresarial, setor acadêmico e terceiro setor, e promove um amplo e plural debate sobre a questão do Clima. É um  instrumento e Estado mais que governo, já que a participação é pro bono (voluntário, sem remuneração) e trabalha com questões que são basicamente de longo prazo,  transcendem administrações específicas. Contamos com o prosseguimento desde processo sempre baseados na melhor ciência e no diálogo”, afirmou Sirkis.

O Fórum preferiu esperar diálogos mais longos e detalhados com a equipe do presidente eleito para depois da posse, marcada para 1ª de janeiro. Sirkis argumenta que é razoável dar um prazo para que o novo governo se assente e tome pé da situação. Por isso, não mostra preocupação com questionamentos ao Tratado de Paris, base dos compromissos internacionais do controle das mudanças climáticas, ou comentários críticos à atuação dos órgãos de controle ambiental, partindo de diferentes áreas do futuro governo ou da base de apoio parlamentar.

"O agronegócio brasileiro é um bom exemplo do ganho potencial da adoção de práticas ambientalmente adequadas. Os setores de produtividade mais alta, com a Embrapa na ponta da tecnologia, apontam um caminho, de que é possível crescer a produção sem necessariamente descuidar do reflorestamento", argumenta.

O acúmulo de vantagens competitivas faz com que a economia de baixo carbono, baseada na redução de uso dos combustíveis fósseis e numa relação mais respeitosa com a floresta, seja potencialmente lucrativa para o Brasil, na avaliação de Sirkis.

"O cálculo do IPCCC (International Panel of Climate Change Control) é de que seja necessário reflorestar uma área equivalente à dos Estados Unidos. Poucos países tem grades áreas com a insolação e a extensão disponíveis, consideradas as atuais tecnologias de cultivo. O Brasil, só de áreas degradas recuperáveis pra uso integrado de lavoura, pecuária e reflorestamento, tem 60 milhões de hectares, sem expandir  fronteira agrícola para as áreas de mata. Isso com recursos hídricos e diversidade de espécies e biomas praticamente sem paralelo. É só saber usar," conclui.

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