Com a chegada do fim de ano, o acúmulo de tarefas e obrigações sociais, somado a uma necessidade de bater metas profissionais, encerrar ciclos e, ainda, a angústia com expectativas para o próximo ano podem levar a um estresse intenso comum no fim do ano: o Holiday Burnout. Para dar conta de uma lista intensa de atividades - como organização de festividades, compra de presentes, cumprir metas no trabalho ou ser efetivado no emprego temporário, agradar chefes, colegas e familiares, encontros com amigos - muita gente acaba abrindo mão dos momentos de lazer e, até mesmo adiando o tão sonhado período de férias. Mas especialistas alertam que esse clima de “agora ou nunca” pode ter um preço alto para corpo e mente e também gerar prejuízos para as empresas.
“Dificuldade de concentração e atenção, falha na memória, lentidão de raciocínio e fadiga são os primeiros sinais que o corpo dá”, pontua a clínica geral e ortomolecular Márcia Umbelino, acrescentando que os sintomas podem evoluir para enxaqueca, dores musculares, pressão alta, problemas gastrointestinais, tremores ou espasmos e até mesmo arritmias cardíacas e AVC. "Quando o problema se torna crônico, o indivíduo começa a apresentar uma fadiga tão intensa que falta energia até mesmo para as tarefas mais básicas, aí temos uma depressão”, completa a médica.
Marcia Umbelino. Foto: Divulgação
Estresse aumenta 75% no fim do ano
De acordo com a International Stress Management Association (Isma) estima que o estresse aumente em torno de 75% no último mês do ano. E, embora o burnout venha de um processo de longo prazo e não apareça de um dia para o outro, o excesso de trabalho do fim do ano pode, sim, ser o estopim para a síndrome. "Como o próprio termo diz, 'burnout', que vem do inglês, significa que a pessoa trabalha até queimar o último fio", explica a especialista em desenvolvimento pessoal, Cámilla de Souza.
A especialista lembra que, embora as férias sejam garantidas por lei, muitas empresas ou, por vezes, o próprio funcionário, negociam a troca das férias por pagamento em dinheiro, o que também é permitido pela legislação vigente. Càmilla alerta, no entanto, que o descanso é importante também para o sucesso profissional. “Depois de atingir um pico desumano, a produtividade despenca. Com uma profunda sensação de esgotamento, o sujeito passa mal só de pensar em trabalho. Portanto, empresas e colaboradores devem levar isso em consideração antes de abrirem mão das férias regulares de 30 dias por ano”.
Cámilla de Souza. Foto: Divulgação
Esgotamento gera prejuízos para empresas e colaboradores
Cámilla destaca que o descanso é fundamental para que as pessoas consigam recuperar a sanidade física e mental depois de cansativos onze meses de trabalho. “O cansaço é responsável por casos de estresse, insônia, mal humor, perda de concentração e até mesmo acidentes de trabalho, o que pode gerar grandes prejuízos à pessoa e à empresa. Tirar férias é algo que promove bem estar e prazer em qualquer colaborador. O fato de poder se desconectar de rotinas e aproveitar essa lacuna causa inúmeras repercussões positivas à mente e ao corpo.” completa Cámilla.
Já a psicóloga Flávia Freitas alerta para problemas psicológicos e sociais. “O esgotamento conhecido como burnout pode levar a uma apatia e até mesmo depressão, fazendo com que o indivíduo perca a vontade de realizar tarefas cotidianas e até mesmo interferindo nos relacionamentos e no convívio com familiares e amigos. Muitas vezes, essa tristeza fica mais visível nas festas e confraternizações de fim de ano, quando a maioria está feliz, celebrando, e a pessoa acometida por burnout está sem ânimo, quieta”, explica Flávia.
Praticar exercícios físicos, suplementar vitaminas e minerais, manter uma boa noite de sono, tudo isso ajuda a prevenir ou mesmo amenizar os sintomas do burnout, ensina Márcia Umbelino. “Mas a solução do problema só ocorre quando o indivíduo vai na fonte. Ou seja, é preciso evitar o que causa o estresse”, ressalta a médica. “E tirar férias é uma ótima maneira de descansar a mente e de buscar fontes de prazer”, completa.
A psicóloga Flávia Freitas apresente cinco dicas para identificar e prevenir o estresse crônico que pode levar ao Holiday Burnout:
Mesmo que você esteja sobrecarregado, tire alguns minutos do dia para fazer algo de que gosta, sem envolver obrigações. Nem que seja tomar banho ouvindo dua playlist favorita! Se sua rotina é totalmente preenchida por trabalho, tem algo de errado”
Pergunte se você realmente PRECISA dar conta de tudo que se obrigou a fazer. Tudo bem que você quer uma festa de Natal melhor que a do ano passado, ir a todas as confraternizações, preparar o menu mais incrível fazer embrulhos de prestente deslumbrante. Mas está tudo bem se a ceia for mais descontraída o presente for entregue na sacola da loja ou se você deixar de ir no amigo oculto de algum grupo. Não se cobre tanto!
Não leve o mundo nas costas - Você não vai reverter a situação da empresa sozinho, nem conseguir fazer a festa familiar perfeita sem a colaboração dos parentes. Não absorva culpas que não são suas!
Preste atenção às suas emoções - Seu corpo dá sinais de algo não vai bem. Não os ignore! Você não precisa chegar ao seu limite para começar a dizer não e cuidar mais de você.
Curta, relaxe, viva os bons momentos, aprecie os detalhes. E, sim, saia de férias. Deligue-se. Desconecte-se.