O Brasil perdeu na terça-feira passada (3/1) uma das vozes mais emblemáticas do forró, a cantora e compositora Rita de Cássia, aos 50 anos. A cantora vinha tratando há cerca de um ano uma fibrose pulmonar idiopática e morreu horas após ser internada em um hospital particular de Fortaleza (CE). A fibrose pulmonar compõe um grupo de patologias que, em geral, apresentam os mesmos sintomas: falta de ar, dispneia progressiva e tosse seca. De acordo com dados epidemiológicos da fibrose pulmonar idiopática relatados no recenseamento populacional do IBGE, em 2010, além de levantamentos internacionais, no Brasil a incidência anual da doença gira em torno de 6.841 a 9.997 registros por 100.000 habitantes, com prevalência variando entre 13.945 a 18.305 casos por 100.000 habitantes.
“Inicialmente, o portador da fibrose pulmonar idiopática apresenta falta de ar somente com grandes esforços, mas com a progressão da doença, o paciente passa a desenvolver os sintomas com qualquer atividade ou trabalho um pouco mais forçado”, explica o pneumologista Leonardo Palermo, responsável pelo serviço no Hospital Badim (RJ). Segundo Palermo, o extenso grupo de patologias conhecidas como “Fibrose Pulmomar“ ou doença intersticial pulmonar pode ter diversos agentes causadores, como a exposição ambiental a poluentes e a umidade. A fibrose pode ainda estar atrelada também às doenças autoimunes, como lúpus, esclerose sistêmica e artrite reumatoide.
O médico destaca ainda que a fibrose pulmonar idiopática, especificamente, não apresenta causa ou patologia sistêmica associada, sendo o tabagismo um dos fatores de risco desse tipo de fibrose, que tem maior incidência em homens e indivíduos com histórico familiar de fibrose pulmonar. Em relação ao tratamento, Palermo esclarece que há dois tipos de antifibróticos, autorizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que atuam na redução da velocidade de cicatrização nos pulmões. “Esses medicamentos não interrompem a doença, mas conseguem retardar a sua progressão, dando alguns anos a mais de vida aos pacientes. A fibrose pulmonar evolui para a disfunção pulmonar terminal e, com isso, o paciente costuma vir a óbito num período de 3 a 5 anos. O tratamento definitivo para a doença é o transplante de pulmão”, diz o especialista.
Com o tempo, a fibrose pulmonar afasta o seu portador das suas atividades rotineiras. “O paciente começa a ter falta de ar e dispneia com maior frequência e intensas, passando ficar dependente de oxigênio suplementar”, acrescenta o médico. A fisioterapia respiratória é um dos recursos utilizados para os pacientes de fibrose, de acordo com Palermo. “Em alguns casos, também são indicados tratamentos para combater a tosse seca e o refluxo gástrico, que são sintomas que também se tornam presentes nessa fase avançada da doença”, diz ele.