“À Margem” se apresenta como um entrecruzamento dos discursos individuais de cada um dos três artistas negros em cena, três homens, cada um advindo de uma estética artística diferente: Tiago Oliveira – da dança contemporânea ou Alex Pitt – dança break; Bruno Duarte – das danças urbanas [o Krump] e Jhonatta Vicente – que atua como DJ em performances sonoras e visualidades. O enredo está munido de memórias, depoimentos musicais, corporais e experiências individuais que foram trazidas por cada um dos artistas e analisados em grupo. O espetáculo fala sobre discussões que apresentam as tensões raciais das quais enfrentaram em suas vidas, entendendo quais as possíveis intersecções em suas trajetórias – que ecoaram e se tornaram presentes em seus fazeres. O relato artístico de cada um serve como um convite para que o espectador vivencie uma nova perspectiva poética através do atravessamento provocado pela junção dessas artes.
Foram experenciadas maneiras de compor essa tríade sob a supervisão de Fabiana Nunes, que assina a direção de dramaturgia. Através de cenas cotidianas, os relatos apresentam o caminho afrodiaspórico desses artistas que, ironicamente, se confunde com a realidade diária de qualquer outro corpo negro. Sem a pretensão de apagar o passado, o espetáculo busca provocar nos espectadores uma reflexão sobre os preconceitos do presente, visando modificar o futuro. O questionamento que circunda a obra é: Como esses corpos negros, independente do caminho que cada um passou, são recebidos e aonde chegam? Trajetórias encharcadas de lembranças que vão se atravessando e provocando novas experiências e descobertas no desencadeamento da trama, permitindo o público associá-la a um “work in progress”.
O título “À Margem” traz uma crítica sobre o espaço geralmente destinado às pessoas negras – “apartadas, separadas, deixadas de lado, marginalizadas.”. Mas nessa história os protagonistas expressam suas memórias e emoções através da dança contemporânea, música e narrativa potente. Uma força provocativa e ancestral somada à criatividade do bailarino e coreógrafo negro Tiago Oliveira, idealizador do projeto artístico. Segundo críticas de renomes como o crítico teatral Wagner Corrêa de Araújo, Adriana Pavlova (O Globo) e Leidson Ferraz (Unirio), “À Margem” é um espetáculo ágil, visceral e imperdível.
“À Margem” está concorrendo ao II Prêmio CesgranRio de Dança nas categorias “melhor espetáculo” e “melhor bailarino – Bruno Duarte”. O espetáculo foi montado a convite do Sesc Rio para integrar a programação temática “O corpo negro”, do projeto Sesc Entredança 2019, ficando em cartaz na unidade de Copacabana – RJ. Neste mesmo ano, foi convidado para participar do Festival Dança em Trânsito, organizado pelo Grupo Tápias, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro. “À Margem” fez a abertura do Festival MOVA-Se, no Teatro Amazonas, em Manaus (AM). Em 2022, o espetáculo foi contemplado no Fomento à Cultura Carioca - FOCA, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e circulou por espaços culturais da cidade, contando com apoio do projeto Eu Faço Cultura em uma das apresentações. Também participou da Virada Cultural de São Paulo. Graças ao incentivo da Retomada Cultural, do Governo do Estado (RJ) e SECEC tiveram apresentações em Maricá e São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e agora em Niterói.
Serviço:
À Margem
Dança
Dia: 29 de janeiro de 2023 (domingo)
Horário: 19h
Local: Teatro da UFF - Rua Miguel de Frias, nº 9, Icaraí, Niterói/RJ.
Duração: 50 min
Classificação etária: 12 anos
Preços: R$ 20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)