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Quem paga o pacto?

Haddad cobra de países ricos maiores investimentos em mitigação e adaptação às mudanças climáticas

Financiamento climático é mais caro e apresenta taxas de risco mais altas para países pobres, afetando metas de redução de emissões de carbono


Haddad pediu no G20 que os países ricos capitalizem organismos multilaterais, como o Banco Mundial, para financiar adaptação às mudanças climáticas nas áreas mais vulneráveis. Foto: Agência Brasil

"Mantendo o foco na prosperidade compartilhada e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), devemos aprofundar as discussões sobre reformas nos bancos multilaterais de desenvolvimento que reforcem seu papel de formar parcerias e canalizar recursos para lidar com o nexo clima, alimentação e pobreza.” A afirmação foi feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante pronunciamento na sessão de abertura (Welcome Session) da Reunião de Ministros de Finanças e Governadores de Bancos Centrais dos países do G20, iniciada na quinta-feira (23/2) em Bangalore, na Índia.

Segundo Haddad, essas instituições devem ser bem capitalizadas e flexíveis para apoiar os países em desenvolvimento com financiamento de longo prazo, taxas de juros adequadas e estruturas inovadoras para reduzir riscos, estimular parcerias público-privadas e atrair investimentos privados. “Estamos preocupados com os níveis de endividamento, principalmente entre os países mais pobres”, observou o ministro. “A elevação dos juros em meio à fragilidade da economia mundial agrava o cenário. Devemos continuar o trabalho que está sendo realizado no Marco Comum e outros esforços de coordenação coletiva. Ter mecanismos para uma reestruturação ordenada e oportuna é do interesse de credores e devedores”, destacou.

Haddad lembrou que o mundo enfrenta atualmente muitos desafios – crises multidimensionais, consequências da pandemia, guerras, conflitos, aumento da pobreza e das desigualdades, obstáculos ao abastecimento de alimentos e de energia limpa – e, nesse contexto, o aumento do diálogo entre as maiores economias é importante, mas não suficiente. “Precisamos de ações com resultados concretos”, enfatizou. O ministro apontou que, no caminho para a presidência do G20 em 2024, o Brasil trabalhará na promoção de entendimentos baseados na inclusão e em um futuro sustentável para os povos e nações.

O ministro elogiou a presidência indiana do G20 por suas prioridades em finanças sustentáveis ??e infraestrutura urbana. Disse que o Brasil defende que os debates considerem as especificidades, em particular as dos países em desenvolvimento e emergentes, que têm diferentes desafios e prioridades econômicas e sociais. “O financiamento climático é mais caro e apresenta taxas de risco mais altas para esses países, o que dificulta o alcance das metas de redução de emissões de carbono”, citou.

Para o ministro, é fundamental que os países desenvolvidos cumpram os compromissos estabelecidos pelo Acordo de Paris e a ambição declarada em Glasgow e no Egito, incluindo o aumento de recursos para mitigação e adaptação. Ele reforçou, ainda, o compromisso do presidente Lula de acabar com o desmatamento até 2030.

Welcome Session

Além de Fernando Haddad e do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, também fizeram pronunciamentos na sessão da abertura da reunião do G20 ministros e presidentes de Bancos Centrais da França, Coreia, China, Estados Unidos, Austrália e Indonésia.

Agenda

Nesta sexta-feira (24/2), o ministro Fernando Haddad tem reuniões bilaterais com os seguintes ministros: Bruno Le Maire (França), Sergio Massa (Argentina), Enoch Guandongwana (África do Sul), Nádia Calvino (Espanha) e com o comissário Paolo Gentilioni (União Europeia).


Ministério da Fazenda

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