No desafio mais direto ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, o líder da oposição, Juan Guaidó, se declarou como presidente na quarta-feira (23), enquanto dezenas de milhares de pessoas reunidas em protestos contra o governo em todo o país.
O presidente americano Donald Trump reconheceu Guaidó como o líder da Venezuela, acrescentando novo combustível à turbulência que convulsiona o empobrecido país, outrora um dos mais prósperos da América Latina.
"O povo da Venezuela se manifestou corajosamente contra Maduro e seu regime e exigiu a liberdade e o Estado de Direito", disse Trump em declaração da Casa Branca.
Enquanto multidões na praça central de Caracas convergiam e cantavam o hino nacional, Guaidó declarou: "Hoje, 23 de janeiro de 2019, juro assumir formalmente os poderes do executivo nacional como presidente encarregado da Venezuela."
A oposição, após anos de divisão, uniu-se em grande parte atrás de Guaidó. Ele pediu que protestos ocorressem nesta quarta-feira (23), ofereceu-se para liderar um governo de transição e realizar novas eleições se Maduro deixar o cargo.
As manifestações são parte de um esforço renovado da oposição para derrubar Maduro, que ficou em grande parte sem poder e dividida depois que uma explosão de ativismo antigovernamental em 2017 foi esmagada pelas forças de segurança. A oposição espera que o comparecimento significativo na quarta-feira ajude os militares do país a romper com o ditador, o que seria crucial para derrubá-lo.
Confira ao vivo as manifestações
Os países integrantes do Grupo de Lima, reconhecem Maduro como ditador ilegítimo da Venezuela, sinalizaram forte apoio a um plano para estabelecer um governo de transição.
"O que estamos testemunhando é um momento histórico único pelo qual estamos nos preparando, lutando pelos últimos 20 anos", disse María Corina Machado, líder da oposição, na terça-feira. "Obviamente, é o momento de maior perigo para todos os venezuelanos e o momento de maior responsabilidade para aqueles de nós que estão conscientes do que está em jogo."
A Guarda Nacional - uma força paramilitar criada por Chaves - entrou em choque com manifestantes no bairro de Caracas, em El Paraíso, bloqueando o caminho e atirando bombas de gás lacrimogêneo em alguns manifestantes. A maioria das lojas da cidade estava fechada e muitos moradores não iam trabalhar.
De acordo com jornalistas independentes, ao menos 7 pessoas foram mortas, além de dezenas de feridos.
Nesta onda de nervosismo, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, enviou uma mensagem de vídeo aos venezuelanos na terça-feira que os incitou a sair às ruas e prometeu: "Vamos ficar com você até que a democracia seja restaurada e você recupere seu direito de nascimento."
O descontentamento se aprofundou nas classes socioeconômicas da Venezuela, já que a hiperinflação tornou os salários virtualmente inúteis. Cidadãos do que uma vez foi uma das nações mais ricas da região morreram de fome e morreram de doenças evitáveis.
Mais de três milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos, e os que ficaram para trás têm lutado para encontrar comida e remédios enquanto lutam contra a escassez de água e a criminalidade desenfreada.
Bolsonaro reconhece Gaidó
De Davos, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro soltou uma nota através do Twitter, confirmando que reconhece Guaidó como líder venezuelano.