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Facebook tira do ar Diário-paródia do presidente Bolsonaro

Autor explicou que a rede social alegou violação dos padrões da comunidade.

Por Portal Eu, Rio! em 05/02/2019 às 00:06:08

Diário-paródia foi tirado do ar pelo facebook. Ilustração: Diário de Bolso/Rafael Terpins

"Caro Diário, não morri. A operação foi um sucesso. Meu intestino já está costurado. Só espero que a emenda não estoure, senão vou ficar que nem Brumadinho, rarrarrá!

Pô, esse desastre vai ser ótimo para o pessoal me esquecer um pouco. Nada como um mar de lama para encobrir outro. E ficar no hospital também vai ajudar. Por mim eu passava quatro anos aqui, sem dar entrevista nem fazer reunião. Mas vão ser só uns dez dias. Que pena?"

O texto acima é o primeiro parágrafo de um capítulo do "Diário do Bolso", espécie de um "diário-paródia do presidente Jair Bolsonaro. Escrito pelo cineasta, roteirista e escritor José Roberto Torero. Ele os publicava em sua página pessoal no Facebook desde a posse do chefe do Executivo Nacional, no dia 1º de janeiro. Porém, no último dia 29, a publicação foi tirada do ar pelo site, que alegou "violação dos padrões da comunidade".

Para continuar publicando o "Diário do Bolso", como a série de crônicas é chamada, Torero foi convidado a publicar no site "Jornalistas Livres", que também tem uma página no Facebook. Outras publicações que passaram a publicar a série são o portal "Rede Brasil Atual", e o site da revista "Carta Maior". Todas as publicações são de esquerda.

Outro capítulo do "Diário do Bolso", diz em um trecho: "Esse negócio de discurso não é comigo. O meu foi escrito durante o voo. Eu tinha 45 minutos para falar. Mas meu estilo é mais tuíter. Então rabisquei um negócio que dizia assim: "In mygoverngotobealldiferent, is ok?". Bem resumidinho e já estava até em inglês. Mas o pessoal que estava no avião disse que era curto demais. Aí cada um deu uma mexida.

Quando o Moro mexeu pôs o nome dele, quando o Ernesto mexeu pôs o nome dele e quando o Paulo Guedes mexeu pôs o nome dele. Ficou um negócio meio puxa-saco, mas pelo menos ficou mais comprido. Deu quase sete minutos. Meu recorde! Na internet falaram que eu parecia um robô, sem nenhuma emoção. Mas emoção é coisa de viado".

Após a iniciativa do Facebook, o escritor ironizou: "Agradeço com o coração enxaguado em lágrimas aos bolsominions e ao Facebook, que censuraram alguns textos do"Diário do Bolso". Graças a vocês os textos estarão disponíveis nohttps://jornalistaslivres.org/e nahttps://www.cartamaior.com.br/, e serão mais lidos do que nunca. Mas agradeço mais ainda aos amigos que se manifestaram aqui e que se dispuseram a republicar os textos. Foi como receber centenas de abraços de uma só vez. Obrigado", declarou Torero.

Procurado, o cineasta explicou: "O Face alegou "violação dos padrões da comunidade". Mas não especificou o que estava violando e qual padrão. Também não indicou a palavra, frase ou ideia que estaria violando o padrão. Li os padrões e acho que nenhum foi violado. O texto é uma ficção, uma peça de humor, e não ofende nenhum grupo. Não sei a quantidade de leitores dos três sites que agora republicam o @DiariodoBolso, mas a página tinha 3000 seguidores e três dias depois passou a 4.500. Acho que isso significa que as pessoas estão atentas e irão reagir a quaisquer ataques à liberdade de expressão", disse.

Até o "Diário do Bolso", brincou com a situação. Eis um trecho de uma crônica, publicada no último dia 29:

"Amigo Diário, hoje eu preciso de você. Aconteceu uma coisa muito triste. Eu fui censurado...
Isso mesmo, a corja esquerdopata pediu e o Foicebook tirou dois textos meus do ar.
É triste, mas um indefeso homem numa cama de hospital foi censurado.
Sofri a mesma repressão que Chico Buarque, Caetano Veloso e Waldick Soriano (o melhor dos três e que teve sua música "Tortura de amor" proibida).
Mas a ditadura vermelha não vencerá! O marquicismo cultural será derrotado!
Meus bolsominions, digo, meus apoiadores não me deixarão sozinho! Tenho certeza de que vamos vencer a mídia manipuladora!".

Também procurado, o Facebook não quis se manifestar.

Torero é autor de livros como "O Chalaça", vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como emRetrato Faladopara Rede Globo do Brasil. Também foicolunista de Esportes daFolha de S. Pauloentre1998e 2012.

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