A atriz Isabel Fillardis é uma das juradas técnicas dos curtas-metragens do Festival de Cinema de Vassouras, que acontece até sábado (24) naquela cidade do Vale do Café. Ela disse ter assistido a filmes incríveis no evento para que pudesse votar nos melhores. “Não é fácil fazer parte de um júri, eu só tinha experiência do outro lado, como atriz. Sou grata pelo convite do festival. Vi filmes de vários estilos e fui colocando asteriscos. A primeira coisa que me chama a atenção é o roteiro. Depois, a parte técnica: enquadramento, som, luz. Mas, o mais importante, é o filme me tocar, perceber que dormi refletindo sobre aquela história. Foi difícil escolher, fiz um funil. Votei nos que mais me emocionaram”, revela.
Atualmente em cartaz com a personagem Aparecida na novela “Amor Perfeito”, na TV Globo, a artista contou qual a diferença entre a Ritinha de “Renascer”, sua estreia na emissora, para a personagem atual. “É um presente para marcar meus 30 anos de carreira, exatamente numa família preta. Faço 50 anos em agosto e estou feliz, grata, madura e não perdi a doçura, a vontade de viver e amar. Estou também mais empática com a diversidade humana. Quanto melhor ser humano, melhor artista somos. Observar o ser humano é uma riqueza, é se alimentar”, afirma.
Fillardis também está em “Faixa Preta”, que estreou no streaming e conta história de Fernando Tererê, bicampeão mundial e maior campeão de jiu-jitsu do país. O atleta já era famoso quando descobriu uma esquizofrenia, vivendo um grande dilema. “Vivi a mãe dele, uma personagem desafiadora, uma mulher simples. Gravamos, no meio da pandemia, uma história incrível. No próximo semestre, estreia ‘Depois do Universo’, que fala do amor, do agora, de se dar uma chance, se permitir ao novo. Nele, sou uma médica chamada Simone. Também faço ‘Madame Durocher’, uma famosa parteira do Rio de Janeiro no século XIX. É uma personagem que inicia a filmagem aos 18 anos e termina aos 70, na época da abolição da escravatura”, anuncia a atriz.
Fora da TV Globo, Fillardis trabalhou na TV Record, fez uma médica e uma rainha egípcia, e retomou sua carreira de cantora. “Voltei a cantar, como solo, música black. Tenho dois singles no Spotify. Também produzi teatro e figurinos. Não parei de trabalhar, abri novos campos, foram outros desafios. Aproveitei esse tempo para olhar para outros lados e percebi que sou realmente uma artista. Não há limites na arte quando há amor. Críticas que podem construir são normais, pois servem para o meu aprimoramento”, observa.
Numa era em que os papeis na TV são por obra, Fillardis opina sobre o assunto. “Venho de uma era de contratos longos com as emissoras, mas o mercado mudou por conta da economia. A internet chegou e entrou com força total, foi mais um setor se abrindo. Precisamos entender essa máquina, é uma questão de adaptação a um novo formato”, conclui. Sobre seu retorno à TV Globo, ela diz que enxergou uma maior diversidade na emissora. “Quando almocei na Praça de Alimentação da Globo vi várias pessoas com deficiência, isso me emocionou, meus olhos marejaram. Quando comecei era raro, foi uma evolução”, conta.
Sobre a retomada da cultura com a reabertura do Ministério, Fillardis finaliza dizendo que renascer é melhor ainda. “Trazemos na bagagem tudo que temos de melhor e deixamos de lado o que não queremos. Um país sem cultura é uma nação sem alma, sem identidade. Não absorvemos e não enxergamos nossas preciosidades. Ainda temos uma vastidão a percorrer e estamos num bom momento. Educação e cultura precisam caminhar juntas, há necessidade de se ensinar Machado de Assis, levar a narrativa preta às escolas. Não podemos perder a mão!”.