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'Poetas do Vagão' levam poesia em ritmo de rap nos transportes coletivos

Grupo se apresenta em duplas e falam da realidade política e social do país

Por Rodrigo Rebechi em 16/02/2019 às 10:01:32

Você já deve ter visto no vagão de um trem da Supervia, ou do metrô. Até mesmo dentro de uma barca da travessia Rio x Niterói. E certamente você pode ter se assustado no início. Afinal, uma dupla de aparência estereotipada como marginais (negros e pinta de favelados) se levanta e vai para a frente dos passageiros. Mas na verdade, são membros do coletivo intitulado "Poetas do Vagão", que te prendem a atenção, recitando poesias em ritmo de rap e falando das mazelas do Rio e do país. 

"No começo era eu e mais uns seis manos(sic), a gente se dividia e começamos no trem do ramal Gramacho. Aí a gente teve muito confronto com camelôs. Aí fomos para o metrô e isso abriu muitas possibilidades. Até irmos para as barcas. Nosso foco é o rap. Tiramos o ritmo e ficou a poesia, onde alertamos as pessoas sobre as coisas que acontecem no Rio, no país, sobre pobreza, política. E muita coisa sai na hora, a gente não costuma ensaiar, pois a maioria tem seus problemas pessoais e não costumamos ter tempo pra reunir", disse Gabriel, ou GB Khalifa, como é conhecido, um dos idealizadores do projeto.

A aparência despojada dos membros intimida e assusta passageiros. Mas o resultado depois é gratificante, segundo Gabriel.

"A maioria do nosso grupo mora na Baixada e tem a faixa etária entre 18 e 25 anos. A questão do preconceito sempre vai rolar. A gente chega nas barcas e o pessoal já olha estranho, esconde celular. Teve uma mulher que tava ligando pra polícia. Aí, depois foi falar com a gente que retirou a queixa, pois viu que éramos artistas. Mas é assim mesmo. E sabemos que é difícil. Temos até gente no coletivo que teve passagem pela policia, pegando o 157 (artigo do código penal para roubo), que foram do tráfico. Mas saíram e agora estão conosco no coletivo", relata.

Linguagem popular para falar de mazelas

Quem nunca viu, se surpreende com a facilidade em transformar cotidiano em poesia. Durante a viagem que a equipe de reportagem presenciou, na última semana, a dupla falou de turismo e a imagem de país do Carnaval, da Cidade Maravilhosa, contrastando com pobreza, juventude negra nas ruas, favelas, morte de crianças e inocentes e até de Brumadinho e Mariana, cidades vítimas das tragédias com barragens. 

No final de cada apresentação, passageiros contribuem financeiramente com o projeto. Tiram fotos e destilam simpatia. E o principal: dão um soco no estômago em quem achava que seriam vítimas de assalto dentro do transporte coletivo.

E são populares nas redes sociais: com mais de 5 mil fãs em sua página oficial, recebem elogios de quem já ouviu.

"Arte, cultura e poesia como deveria seria, ao alcance de todos. É sempre um prazer poder ver as performances deles durante as viagens de metrô. Sempre trazendo reflexão. Muito bons", disse uma usuária no Facebook.

"Os garotos são bons precisamos mesmo dessas poesias, mostrando a realidade de nossa sociedade e a condição que nossos governantes nos oferece. Excelente trabalho", relatou outro.

Quem quiser saber mais sobre, veja em https://www.facebook.com/poetasdovagao/




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