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Autora lança livro sobre racismo ao perceber escassez do tema nas livrarias

Sinara Rúbia, mestra em Relações Étnico-Raciais do CEFET-RJ, lançou a obra no Favela Holding

Por Portal Eu, Rio! em 05/08/2023 às 06:00:00

Sinara Rúbia. Foto: Divulgação

A autora Sinara Rúbia lançou seu livro, "O dia em que descobri o que é o Axé" no Favela Holding, feira de negócios realizada na Cidade das Artes, Barra da Tijuca, no último final de semana de julho. Ela é uma escritora brasileira de obras infantis, educadora e mestra em Relações Étnico-Raciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). Atualmente é diretora-presidente do MUHCAB - Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, no Rio de Janeiro.

"Em 2001, ao tentar apresentar referências literárias negras para sua filha, percebi a escassez do tema na literatura nacional brasileira. Daí, tive a ideia de criar a história da personagem ficcional Alafiá, uma princesa guerreira negra do Reino do Daomé", conta Sinara. A História do Brasil conta que vieram reinados africanos completos para o país na época de escravidão. "Sociedades extremamente organizadas foram colocadas em navios sem saber para onde iriam. A história de Alafiá é a história que a própria história não conta. São cobtos do povo negro que ninguém aprende, que causaram um dano enorme", diz a escescritoa.

De acordo com a autora, ela está cada vez mais alicerçada em transmitir psra a sociedade a cultura do povo preto, visando principalmente as crianças, uma das formas mais inteligente de lutar contra o racismo. Na obra, Sinara apresenta sua vida no passado, ao lado das irmãs, e traz a receita certa de como atravessar os momentos complexos e atarefados dos pais e educadores para implementar o aprendizado infantil. "Quando menina, tive de cuidar de minhas irmãs, enquanto meus pais trabalhavam. Tudo isso está no livro, mas sem vitimização, pois essa ainda é uma realidade da sociedade brasileira, principalmente do povo preto no Brasil. Sem leviandade e com licença poética suficentes para proporcionar/oferecer uma excelente ferramenta no auxílio educacional das nossas crianças", conta.

A história do livro "O dia em descobri o que é o Axé" apresenta Sina (Sinara) explicando a suas irmãs o que é essa força mágica. “Isso é o Axé, uma energia intensa que pulsa dentro e fora da gente…”. Sinara é uma contadora de história nata. Na obra, segundo suas irmãs, é possível tomar banho em água fria com alegria, porque para tudo, ela (Sina) inventava uma história!

"Deveres de casa tornavam-se vibrantes porque eu sempre criava personagens para cada mmomento. Tenho uma forma muito bela de enxergar o outro, uma percepção inteligente, suave, uso sabedoria para descrever meus fios de pensamentos. Entendo que, através de minhas falas, há uma forma única de luta, atuo com a mansidão dessa orixá", diz Sinara. A sociedade atual clama pelo conhecimento da cultura do povo preto e a autora é bastante consciente da necessidade de mudar o quanto antes a literatura nas escolas, levando livros que, em sua essência, fortalecem a luta contra o racismo. O discurso de Sinara está distante de uma queda de braço entre brancos e negros, mas sisimpor uma abertura de espaço para todos. "É uma forma inquestionavelmente perfeita de reconhecer que todos pertencemos à sociedade, sem desqualificar qualquer um que seja. Exatamente por isso, merece todos os olhares, inclusive das escolas", exalta.

Para chancelar a mmenção acima, segundo Sinara, basta ler o livro há pouco lançado. “Essa força está em todos os seres… O axé está nas pessoas, nos pássaros, nos peixes, nas plantas… e também nas borboletas! … Essa energia está em nossas vidas todos os dias, minhas irmãs!”, conta uma passagem da obra.

O livro, com personagens pretas, é carregado da história do escravismo. "Também deveria ser lido pelos adultos para uma melhor compreensão das políticas sociais e a necessidade das cotas para negros nas universidades, por exemplo! O mercado literário infantil precisa de atenção para mudar olhares da sociedade, ressignificar comportamentos. Não é possível que livros com temáticas negras tragam as prateleiras ilustrações onde negros são sempre serviçais, como as de Monteiro Lobato. Já estamos em 2023!", critica Sinara.


Segundo ela, ilustrar a cidade de Salvador, capital baiana, com personagens brancos, por exemplo, chega ser um escárnio. "Não cabe levar crianças pretas aos livros com ilustrações que hostilizam os cabelos crespos dos pequenos e insinuar que 'anjinhos negros não existem'. Isso também é um ato racista cabível de protesto, de não aceitação. Isso ainda acontece, e pasmem, essas obras são são premiadas!", revela Sinara

"Que tal mudarmos essas ilustrações dos livros, nos inclinando à equidade, Desta forma, estaríamos próximos à realidade dessa parte da sociedade, que é a maior do Brasil, certo? Podemos dizer como Martin Luther King, em 1963: através dos sonhos podemos atingir a realidade! 'Eu tenho um sonho: que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença. Consideramos estas verdades como auto-evidentes que todos os homens são criados iguais”, lembra Sinara.

O livro é bastante colorido, com desenhos que chamam atenção dos pequenos, como o da árvore Baobá, utilizado como fonte de inspiração para lendas, poesias e ritos na África, onde os nativos têm a espécie como a personificação do espírito africano. Por isso, é tida como a árvore da vida e de grande importância para diversas tribos. A ilustradora Valquíria Cordeiro, também trouxe para a obra uma suculenta, planta africana que está nos jardins, a Zamioculca. A diagramação acolhe letras grandes, que auxiliam a leitura das crianças, deixando de ser cansativa.

Para quem quiser levar AXÉ para os seus pequeninos, basta ir na plataforma da editora Nandyala para comprar seu exemplar. Os cariocas que desejarem um autógrafo da autora, fiquem de olho na Livraria Travessa, onde será o próximo lançamento! (travessa.com.br)

SINOPSE

Contar histórias é a especialidade de Sina, a irmã mais velha de um grupo de três irmãs. A do meio, Sabrina, gosta muito de ouvir as narrativas diárias. Sassá, a caçula, está sempre atenta e adora fazer perguntas. Um dia, a pequena decide buscar respostas para uma grande dúvida: o que é o AXÉ? Por meio da contação de histórias sobre os povos negros, Sina revela às suas irmãs os sentidos do AXÉ. Cheias de animação e de boas energias com o aprendizado, as três irmãs se fortalecem nos afetos e nas ancestralidades que as unem.

PRODUTO:

LITERATURA JUVENIL (7 A 12 ANOS)

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