A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que há quatro casos de sarampo em investigação no Rio de Janeiro. Um dos casos teve resultado preliminar positivo, mas ainda aguarda confirmação do diagnóstico pelo laboratório de referência nacional da Fiocruz. O local de provável infecção está em análise. Em caso de confirmação, será o primeiro caso da doença em território fluminense, nos últimos vinte anos. O responsável pelo alerta à Secretaria Estadual de Saúde foi o serviço de vigilância sanitária da UFRJ.
Diante da suspeita, a SES e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro estão realizando ações de prevenção e bloqueio da doença, inclusive com vacinação no Campus da Faculdade de Direito da UFRJ, onde estudava a pessoa na qual o resultado preliminar aponta a infecção pelo vírus, conforme a nota oficial distribuída pela UFRJ.
Na nota distribuída à imprensa, a Secretaria Estadual de Saúde informa que em 2017 a cobertura vacinal do estado para o sarampo em crianças de até um ano de idade foi de 94,8%. A vacina está disponível conforme calendário de vacinação do Ministério da Saúde.
Caso no Direito da UFRJ acionou alerta na Vigilância Sanitária
O gabinete da direção da Faculdade de Direito da UFRJ recebeu a notificação de um caso de aluna com sarampo. Por esse motivo, de acordo com a nota da Faculdade, o serviço de vigilância em saúde entrou em contato com a Direção da unidade e solicitou permissão para realizar o protocolo de segurança. O procedimento incluiu uma conversa com alunos e uma ação de reforço na vacinação para quem estivesse em atraso.
Na nota distribuída na tarde de terça-feira, a UFRJ reafirmava colaborar com as ações que forem propostas pelas Secretarias de Saúde. Para mais informações, sobre possíveis casos e demais ações, a nota recomendava buscar as Secretarias de Saúde do Município e do Estado do Rio de Janeiro.
A Secretaria Estadual de Saúde informa que quatro casos estão sob investigação. um dos casos teve resultado preliminar positivo, mas precisa ser confirmado por um diagnóstico de referência.
Infectologista alerta para gravidade da doença e necessidade de reforço constante das campanhas: - Sarampo mata mais de um milhão de pessoas por ano no mundo
Edmílson MIgowski, infectologista licenciado da UFRJ para presidir o Instituto Vital Brazil, adverte que sarampo é muito grave. São mais de um milhão de casos fatais todos os anos no planeta. A doença pode causar a morte. Traz também sequelas, como encefalite (dor de cabeça de origem inflamatória)subcrônica, evoluindo progressivamente, e uma possibilidade de cegueira. Há riscos elevados também de desnutrição, com rápido comprometimento por diarreia e avitaminose A, de forma aguda.
A baixa cobertura vacinal vem sendo observada ultimamente, para um amplo leque de doenças, infelizmente. A única das vacinas que está com um nível razoável de alcance é a BCG, que é feita no nascimento ou durante o primeiro mês de vida. As demais vacinas, conforme informações do Ministério da Saúde, está muito abaixo do ideal.
O fato de ser aplicada no primeiro ano de vida da criança favorece mais a cobertura, por coincidir com um período de maior disponibilidade e atenção dos pais. Sarampo, caxumba e rubéola, a tríplice viral, é feita somente após um ano de idade. Com a prevenção contra catapora, forma-se a Tetraviral. Pode haver um desânimo, uma falta de comprometimento por parte dos pais, depois do primeiro ano de vida.
Campanhas de esclarecimento da opinião pública são bem-vindas. O envolvimento de pessoas conhecidas, respeitadas, sem vinculação político-partidária, pode ser um respaldo importante. Existem grupos de terapias alternativas, como a Medicina Antroposófica, que vem lutando contra a vacinação no Brasil, mas isso é a exceção, não a regra. Em países europeus, como a Alemanha, vem acontecendo movimentos de maior porte contra a vacina, no Brasil não tem dimensão expressiva. Estamos relativamente protegidos, também, do quadro africano, em que populações inteiras têm dificuldade de acesso à vacina, pela distância dos postos de saúde e a disseminação dos conceitos.
—O caso da Tríplice Viral e da maior parte das vacinas é distinto do acontecido com a da HPV (papilovírus, fator de risco para câncer do colo do útero nas mulheres e do pênis nos homens), em que houve resistência religiosa. Mesmo assim, é importante repisar a urgência e o caráter essencial da vacinação. A educação de um povo exige frequência e sequência, conclui.
Um fator de risco inusitado é a própria ausência de casos por muito tempo. Migowski explica que os médicos mais novos não viram o sarampo como os colegas de gerações anteriores. O mesmo acontece com os pais mais jovens, então a virtual ausência de casos fez com boa parte da opinião pública não tivesse por essa doença o temor e o respeito que ela deveria inspirar.
—É uma doença altamente contagiosa, é um mal que mata um milhão de pessoas por ano no planeta, e pode deixar sequelas muito graves. Por ser uma doença de rápido contágio, epidemias são um risco presente, se não houver uma excelente cobertura vacinal, conclui.