O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, admitiu em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, na audiência desta tarde de terça-feira (26), na 7ª Vara Criminal Federal, no Centro, que recebeu propina de várias empresas. No depoimento, Cabral revelou que durante seu governo vários empresários deram dinheiro para campanhas políticas e que era o dono do valor de US$ 100 milhões que estavam nas contas dos irmãos Chebar.
Segundo Sergio Cabral, em 2006, durante a sua campanha ao governo do Rio, o empresário Arthur Soares, o Rei Arthur, entregou dinheiro para o caixa 2 em troca de contratos com o estado.
Após assumir o governo, o ex-governador fechou um acordo com o empresário onde receberia 3% de propina e Sérgio Côrtes, 2% do valor pago, nos contratos da área da Saúde.
“Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro...é um vício” — afirmou o ex-governador.
Ex-governador Pezão e ex-prefeito Eduardo Paes também receberam caixa 2
Durante a audiência, ele acusou o ex-governador Luiz Fernando Pezão de receber 400 milhões para sua campanha em 2014. Segundo Cabral, Pezão, na época em que ainda era vice-governador e secretário de Obras, também recebeu dinheiro de propina.
“Ele recebia como vice e secretário de Obras e trouxe para trabalhar com ele o Hudson Braga, que era o braço operacional dele” — revelou Sergio Cabral.
Sobre o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, Cabral relatou que ele foi seu ex-secretário de Esporte e Lazer, que não participou do esquema de propinas, mas que, junto com o deputado Pedro Paulo (MDB), ajudou o prefeito no caixa 2 de sua campanha.
Mudança de depoimento
Sérgio Cabral mudou sua versão no depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), na semana passada, quando mudou de advogado e assumiu que recebia dinheiro desviado de obras e contratos de concessões com o governo do estado. O ex-governador admitiu que recebeu propina nas obras do metrô na Linha 4 e na reforma do Maracanã.
Cabral citou que recebeu o valor de US$ 16 milhões de Eike Batista na campanha eleitoral e que o ex-chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, ganhou muito dinheiro das empresas EBX, Queiroz Galvão e Odebrecht.
“Tudo comandado pelo Régis. Eu dava na mão dele. Dizia: eu quero assim, faz assim, ele ia fazendo, coordenando e tirando os próprios proveitos dele. Eu tirava os meus proveitos dos meus combinados, eu quero x da obra, 2%, 3% da obra, e o Régis fazia um acordo, se beneficiava também dessa caixa. Ele fazia contrato na cara de pau, dava ... para a Queiroz Galvão, para a Odebrecht. O escritório do Régis também ganhou muito dinheiro, não sei te precisar, mas posso te dizer mais de uma dezena de milhões de reais com a EBX."
Em nota à imprensa, o advogado de Sérgio Cabral, Marcio Delambert, disse “que o depoimento do ex-governador se deu por pedido da defesa em um inquérito sigiloso, com o objetivo de melhor esclarecer fatos narrados em inúmeras ações penais”.