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INCA avalia sobrevida de pacientes com tipo agressivo de câncer de pele

Tipo raro em brancos e um dos mais prevalentes em negros, ameríndios e asiáticos, melanoma acral é tema do artigo

Por Portal Eu, Rio! em 26/12/2023 às 18:14:32

Foto: Reprodução/Nature Scientific Reports

Pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (INCA), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD), do Mato Grosso do Sul, analisaram a sobrevida livre de recorrência em pacientes com melanoma acral, um subtipo de câncer de pele, em estágios iniciais. O artigo "O impacto das características clínicas e histopatológicas na sobrevida livre de doença em pacientes com melanoma acral em estágios I-II" destaca a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento detalhado das características tumorais.

Foram analisados 154 casos, revelando que 27,9% dos pacientes tiveram recorrência da doença, com a maioria absoluta (90%) ocorrendo nos primeiros três anos após o tratamento. O estudo demonstrou ainda que características como profundidade de invasão do tumor, ulceração, atividade celular e invasão neural são indicadores cruciais para a sobrevida dos pacientes. O melanoma acral é um subtipo de melanoma com características próprias, que ocorre principalmente nas plantas dos pés, nas palmas das mãos e embaixo das unhas.

O INCA é pioneiro mundial nas pesquisas sobre a doença. Pacientes do Instituto tratados por esse tipo de câncer desde a década de 1990 compõem uma das maiores séries históricas de pessoas diagnosticadas e acompanhadas clinicamente, em todo o mundo. Elas serviram de base para estudos internacionais publicados em 2018 e 2019, que até hoje são referência para as comunidades científica e médica. Isso permitiu aos pesquisadores compreenderem fatores importantes que influenciam a sobrevida desses pacientes, o que gerou novas pesquisas, como a atual.

“Esse tipo de melanoma é raro em descendentes de europeus, porém é um dos mais prevalentes em negros, ameríndios e asiáticos, e está associado a um pior prognóstico, em comparação com o melanoma cutâneo em outras localidades. Apesar disso, poucos estudos têm focado no prognóstico, principalmente de pacientes em estágios iniciais da doença, o que motivou nosso trabalho”, explica Patrícia Possik, do Programa de Imunologia e Biologia Tumoral do INCA, que coordena a pesquisa, ao lado de Sara Bernardes, do Departamento de Patologia Geral, da UFMG. Também participam do estudo Aretha Nobre e Luiz Fernando Nunes, do INCA, Raquel Primo e Ricardo Fernandes, da UFGD, e Bruna Santos, da UFMG.

Os resultados constatam melhor prognóstico para o melanoma acral em estágios iniciais e indicam que a observação de características tumorais pode orientar o acompanhamento do paciente pelo médico. “O melanoma acral costuma apresentar prognóstico ruim, em grande parte devido ao diagnóstico tardio e, até mesmo por isso, observamos condições bastante favoráveis quando o tratamento começa nos estágios iniciais”, explica Aretha Nobre.

Dentre os desafios do diagnóstico e do tratamento da doença está o fato de que, muitas vezes, sinais e sintomas podem ser confundidos com machucados, micoses ou demais condições benignas, além de não se desenvolverem em locais tão comuns. Assim, a população deve ficar atenta a manchas ou pintas irregulares e possíveis alterações no tamanho, aparência e cor de sinais em mãos, pés e sob as unhas. “A ideia é chamar a atenção de médicos e pacientes para os aspectos de prevenção e detecção precoce, mas também para a possibilidade de melhores taxas de sobrevida livre de recorrência”, defende Luiz Fernando Nunes, autor do artigo.

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