Prateleiras sem medicamentos, falta de próteses e uma fila de espera por cirurgias em que o último paciente da lista terá de esperar 10 anos para ser submetido ao procedimento que necessita. Essa é a realidade do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Nesta segunda-feira (25), o hospital foi alvo de uma inspeção feita pela Defensoria Pública da União em conjunto com representantes do Ministério Público Federal, do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, do Conselho Regional de enfermagem do Rio de Janeiro e do Departamento Nacional de Auditoria do SUS.
Após a inspeção, o defensor público Daniel Macedo contou à reportagem do Eu, Rio! em quais condições a Defensoria Pública da União encontrou o Into.
"A situação é de extrema gravidade. O almoxarifado está sistematicamente desabastecido de órteses e próteses. Nós temos 12.500 pacientes aguardando até 10 anos por uma cirurgia. Uma unidade que está há 8 meses sem diretor geral, sem diretor administrativo e sem diretor de divisão de assistência médica. A situação é muito grave porque, para além desses 12.500 pacientes, nós temos outros pacientes que estão para fora do hospital", afirma o defensor público.
Daniel Macedo também disse à nossa reportagem quais medidas serão tomadas.
"A Defensoria Pública da União vai representar o secretário de atenção à saúde (Francisco de Assis Figueiredo), porque ele está ciente dessa situação do Into. Vamos lembrar que existe uma decisão judicial que determina a realização de 10.740 cirurgias por ano, e isso foi descumprido pelo Into. Eu não posso deixar milhares de pacientes definhando física e emocionalmente aguardando a priorização de uma cirurgia. Nós vamos comunicar ao juiz o descumprimento e pedir a imposição de multa diária, tanto nos gestores que passaram por essa unidade, mas também contra o Ministério da Saúde", prometeu o representante da Defensoria Pública da União.
Lava Jato já havia constatado desvio milionário de recursos
No ano passado, uma investigação da Lava Jato constatou um desvio de R$ 600 milhões do Into. Na ocasião, 20 pessoas foram presas, entre elas estavam um ex-diretor do hospital e fornecedores de equipamentos acusados de superfaturamento. Os R$ 600 milhões desviados seriam suficientes para a aquisição de cerca de 30 mil próteses para pacientes.