O excesso de exposição às telas, seja através de smartphones, computadores ou televisões, tem sido associado a uma série de impactos negativos na saúde mental. A constante estimulação sensorial proveniente desses dispositivos pode levar a uma liberação desregulada de dopamina, um neurotransmissor ligado ao sistema de recompensa do cérebro. Essa liberação excessiva de dopamina pode resultar em sintomas de ansiedade, depressão e até mesmo vício em tecnologia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância desse equilíbrio e recomenda limitar o tempo de exposição às telas, especialmente entre crianças e adolescentes, para promover uma boa saúde mental. A Psicóloga e Logoterapeuta, Michele Silveira, conta que esse vício se chama ‘Nomofobia’ e é preciso estar atento. “A consciência do problema é o primeiro passo para combatê-lo, porque reconhecer os sinais dessa dependência é essencial. Alguns sinais são muito evidentes e precisam ser reconhecidos: distração constante, isolamento social, problemas de sono, ansiedade excessiva, alterações de humor e até depressão. O uso exagerado de telas também pode causar problemas oculares e pode contribuir para hábitos sedentários que levam a problemas de saúde graves como obesidade e doenças cardíacas’, explica a especialista.
De acordo com um estudo publicado no periódico JAMA Pediatrics, crianças e adolescentes que passam mais de duas horas por dia em frente às telas, por exemplo, têm maior probabilidade de apresentar sintomas de transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Além disso, o uso prolongado de dispositivos eletrônicos antes de dormir tem sido associado a distúrbios do sono, contribuindo para a deterioração da saúde mental a longo prazo. Portanto, é crucial encontrar um equilíbrio saudável no uso de telas para preservar o bem-estar mental.
“A nomofobia é um assunto muito atual, que cabe grandes debates dividindo opiniões. Porém, passar muito tempo diante de uma tela afeta o desenvolvimento cerebral e aumenta o risco de distúrbios cognitivos, emocionais e comportamentais em adolescentes e jovens adultos. O tempo de tela excessivo afeta negativamente a atenção e a concentração, a aprendizagem e a memória, a regulação emocional e o funcionamento social, a saúde física, e o desenvolvimento de distúrbios mentais e de uso de substâncias. Em contextos familiares e sociais, esse tipo de vício causa exclusão social, depressão, ansiedade e outros problemas e consecutivamente limita a capacidade de socialização dos jovens trazendo problemas comportamentais psíquicos afetando o desenvolvimento a saúde física e emocional e em casos mais graves podendo levar ao suicídio”, afirma Michele.
A Psicóloga conta possíveis origens deste vício. “A origem dessa dependência em tela tende a ser semelhante ao do início do consumo de substâncias. A pessoa, face a um mal-estar emocional e físico, busca um refúgio nas tecnologias, para atenuar diferentes situações como acontecimentos dolorosos, ansiedade social, momentos vitais de estresse, problemas no ambiente familiar, problemas de autoestima, entre outros”, relata Silveira.
Michele Silveira, Psicóloga. Foto: Divulgação
No caso de crianças e adolescentes, a Psicóloga acredita que os pais tem um papel fundamental ao regular o tempo de tela e dá algumas dicas: “Os pais devem ser exemplo, principalmente para as crianças, que copiam tudo e aprendem. Seja um modelo de uso saudável de telas; produza tempo de qualidade, ao invés de apenas restringir o uso de telas; estabeleça áreas da casa como zonas livres de telas, como a mesa de jantar e os quartos; crie horários específicos para o uso de telas; explique os riscos; eduque seus filhos sobre como se proteger online e a importância de discernir informações confiáveis; ofereça atividades alternativas. Mostre como essas atividades podem ser igualmente divertidas e enriquecedoras”, finaliza Michele Silveira.