Com uma carreira artística de mais de 30 anos, o compositor e violonista Marcel Powell anuncia seu mais novo projeto musical, 'Musicalidade Negra', uma verdadeira imersão na obra de compositores negros brasileiros, celebrando sua herança cultural e usando a música como um poderoso canal para refletir questões como racismo e preconceito.
Em 'Musicalidade Negra', Marcel apresenta releituras das obras de alguns dos compositores mais proeminentes do Brasil, incluindo Dorival Caymmi, Luiz Melodia, Zé Kéti, Baden Powell, Dona Ivone Lara, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan, Johnny Alf, entre outros. E para trazer uma abordagem contemporânea a esse repertório, o violonista prepara novos arranjos para violão solo e vozes, contando com a participação de nomes influentes da música negra do século XXI, sendo elas Fabiana Cozza, Mestrinho e Nilze Carvalho. Juntos, eles dão vida e significado renovado às composições que não apenas marcaram a vida de muitos, mas também deixaram um legado na história da música brasileira.
"Todos os convidados têm suas assinaturas, seus estilos e suas melodias - meu ouvido é muito atraído por esses aspectos. Assinatura na voz, no jeito de tocar… Quando você ouve a Nilze, já sabe num primeiro momento de quem se trata sem precisar ver, a Fabi a mesma coisa. Não é simplesmente cantar bem, é ter assinatura. Os três, nas suas respectivas áreas, têm uma assinatura que carrega a musicalidade negra", declara o violonista.
Marcel ainda traz em seu projeto não apenas uma seleção criteriosa de excelentes compositores negros brasileiros, mas também compartilha sua visão que reconhece a influência de Johnny Alf na história da música. De acordo com o violonista, Alf não é apenas um nome na cronologia musical, mas uma figura cujo impacto ecoa através das décadas. O violonista destaca que “a contribuição de Johnny Alf não só abriu caminho para a Bossa Nova, mas também desempenhou um papel crucial na definição do panorama da música moderna brasileira. Se hoje admiramos ícones como Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Los Hermanos e outros, devemos reconhecer o papel pioneiro de Johnny Alf”, afirma Marcel.
Nascido em um ambiente onde o samba e o choro eram protagonistas, Marcel traz consigo uma herança musical rica e diversa. Sua infância foi marcada por rodas de samba e choro em sua casa, influências que moldaram sua trajetória artística desde cedo. Nilze Carvalho, uma das participantes do projeto, tem uma conexão especial com a família Powell, sendo assistida pelo pai de Marcel, o genial Baden Powell, considerado o maior violonista brasileiro de todos os tempos e inventor dos afro-sambas.
Tendo a música como parte da história da família há algumas gerações, Marcel possui uma fonte inesgotável de inspiração. Além de seu pai, Baden Powell, Marcel também é bisneto de Vicente Tomás de Aquino, primeiro maestro negro do interior fluminense e o primeiro a formar uma orquestra com integrantes exclusivamente negros escravizados, denominada "Orquestra Negra". Honrando esse legado, sua arte é usada como celebração da herança cultural afro-brasileira.
"Embora muitos ainda tentem ignorar, a desigualdade racial e o racismo ainda estão enraizados na sociedade brasileira. O projeto 'Musicalidade Negra' é apresentado como uma maneira de abrir caminho, através da arte, para promover essa discussão. Ao reunir a música produzida por artistas brasileiros negros, destacando a sua importância e a sua força, faz da música um caminho de libertação do preconceito, pois como já disse Baden Powell "música é a língua que fala em qualquer lugar.", afirma Marcel Powell. Ele ainda acrescenta: "A musicalidade negra é um lugar aonde os artistas negros conseguem se fazer ouvir e serem porta-vozes de uma população que muitas vezes não é ouvida fora desse lugar", finaliza.
Marcel Powell tem mais de 10 álbuns lançados, dentre eles Samba Novo – Acordes de Paixão (2002), Aperto de Mão (2005), Marcel Powell Trio – Corda com Bala (2009), Violão, Voz e Zé Kéti (2013), e Baden Powell Tribute (2023), uma parceria entre Marcel e Armandinho Macêdo.