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Games são importantes aliados no tratamento do Autismo

Saiba como eles estão colaborando na inserção deste público na sociedade

Por Lucas Simonin em 07/05/2024 às 19:40:04

Fotos: Lucas Simonin/Agência Eu, Rio!

Nesta era digital, os games se tornaram uma criação que modificou a formação das novas sociedades. Trouxe mudanças significativas na forma de lazer de crianças e adultos, inclusive mudando as relações sociais. Mas como eles podem ser utilizados por crianças e jovens no tratamento do espectro autista?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi detectado pela primeira vez, em 1943, pelo Psiquiatra Leo Kanner. Porém, até a década de 80, era comum um diagnóstico equivocado sobre a doença, muitas vezes confundida como esquizofrenia ou retardo mental. Segundo a neuropsicóloga Marcella Bianca, o autismo é diagnosticado principalmente por profissionais de saúde especializados, como psicólogos, psiquiatras, pediatras e neurologistas. "O diagnóstico geralmente envolve a observação do comportamento da pessoa, entrevistas com os pais ou responsáveis e, em alguns casos, a realização de avaliações específicas. Os profissionais consideram uma variedade de critérios, como interações sociais, comunicação, interesses repetitivos e comportamentos sensoriais para determinar se alguém pode estar no espectro do autismo", descreve a especialista.

De acordo com Marcella, os principais sintomas do autismo seriam a dificuldade em se comunicar verbalmente ou não verbalmente, iniciar ou manter relações sociais, comportamentos restritos ou repetitivos ou interesses restritos, com sensibilidades sensoriais incomuns, como hipersensibilidade ao ruído ou luz, dificuldade em compreender emoções de outras pessoas e a resistência em mudanças de rotina.

"Esse diagnóstico pode variar de paciente para paciente, pois nem todos terão os mesmos sintomas com a mesma intensidade", ressalta a especialista.

A moradora de Maricá, Sheila Lara, de 26 anos, mãe do menino Heitor Vicente, esteve presente no Maricá Games e explicou que o filho dela teve um grande avanço no tratamento de sua patologia. "Através dos jogos, ele aprendeu a falar inglês com bastante rapidez e percebi seu desenvolvimento. Antes, ele era muito introvertido e não gostava de se comunicar. Atualmente, ele está no terceiro ano do ensino fundamental e se interessou muito pelo meio cibernético, tanto que já está começando a ter aulas de robótica", conta.

Os games podem ajudar no tratamento, pois auxiliam no desenvolvimento de habilidades sociais. Alguns jogos foram projetados para ensinar e praticar habilidades sociais, como turn-taking, empatia e comunicação. Outra contribuição é o estímulo sensorial, pois ajuda a regular a sensibilidade das pessoas com TEA, permitindo uma exposição controlada aos impulsos.

"Também ocorre uma melhoria na coordenação motora, porque os jogos estimulam as habilidades motoras do paciente. Sem contar que ajuda no aprendizado, se utilizando de jogos educacionais com linguagem acadêmica, como Matemática, Português, História, etc", diz Marcella.

Além disso, alguns jogos podem ser usados como uma forma de reduzir a ansiedade e o estresse em alguns pacientes. "Os games devem ser usados como parte de uma abordagem de tratamento mais ampla e supervisionados por profissionais de saúde qualificados. Cada pessoa com TEA é única, e o uso de jogos no tratamento deve ser adaptado às necessidades e preferências individuais", ressalta a profissional.

A Fisioterapeuta Neuropediatra e Psicomotricista voltada para o TEA e outros transtornos do desenvolvimento da Team Terapias Especiais, Ana Carolina Fontenele, avalia que o tempo máximo que crianças podem passar na tela varia das necessidades específicas de cada caso. "Em geral, é importante limitar o tempo de tela para essas crianças para que elas possam desenvolver habilidades sociais e físicas. As organizações em saúde geralmente sugerem não mais de uma a duas horas por dia para crianças em idade pré-escolar e primária, oque não se limita somente à crianças neuroatipípicas", observa.

Segundo a especialista, existem muitos aplicativos e programas de computador, projetados especificamente para crianças com TEA, que podem ajudar no desenvolvimento de habilidades cognitivas, linguísticas e sociais.

O Sócio Fundador do CBI of Miami, o psiquiatra Gustavo Teixeira, ressalta a expectativa dele que inteligência artificial e machine learning (aprendizagem do computador) são as grandes promessas para todos os tratamentos em medicina, incluindo o autismo. "Existem poucos projetos em andamento no Brasil até o momento e aguardamos, com espectativa, o surgimento de novos produtos em inteligência artificial para auxiliar no diagnóstico e no tratamento do autismo", conclui.

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