O “2º Imunoderma”, simpósio promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, contou com a participação de aproximadamente 500 médicos dermatologistas de todo o Brasil, que se reuniram no último final de semana. Entre os assuntos tratados estava o vitiligo, doença caracterizada pela perda da coloração da pele.
“No evento foram abordadas as doenças imunomediadas na prática médica, onde os especialistas apresentaram diversos casos clínicos. Uma excelente oportunidade de troca de conhecimento no diagnóstico e tratamento dessas patologias. Neste mês, também marcado pelo Dia Mundial do Vitiligo, não podíamos, no nosso encontro, deixar de falar desse tema, o qual afeta crianças e adultos”, diz o presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves.
O encontro teve intensa programação e contou com aproximadamente 70 especialistas entre palestrantes, moderadores e apresentadores. “Discutimos os avanços terapêuticos em relação a diferentes doenças imunomediadas incluindo o vitiligo, psoríase, dermatite atópica, alopecias, entre outras doenças. Os principais destaques foram as apresentações dos casos clínicos com a utilização de novas drogas com alto perfil de eficácia e segurança dos medicamentos. Muitas delas já acessíveis para a população brasileira”, explica o médico dermatologista Ricardo Romiti, coordenador do evento.
Os médicos dermatologistas da SBD, Caio César Silva de Castro, do Paraná, e Ivonise Follador, da Bahia, abordaram o módulo “Vitiligo na Infância”. “Trata-se de uma doença genética autoimune, onde as células de defesa do indivíduo atacam seus próprios melanócitos, responsáveis por produzir a melanina, que dá cor à pele. O vitiligo tem componentes genéticos e inflamatórios”, explica Caio, coordenador do Departamento de Biologia Molecular Genética e Imunologia da SBD.
Sintomas e Diagnóstico
O vitiligo, na maioria das vezes, não tem sintoma, porém alguns pacientes podem ter prurido, ou seja, uma coceira leve quando as lesões estão começando. O diagnóstico é feito pela observação clínica das manchas que podem ser evidenciadas no escuro com a lâmpada de wood, que destaca bastante as manchas brancas do vitiligo. Quando ainda há dúvidas se o paciente tem ou não a doença é feita uma biópsia.
Tratamento
O principal tratamento é a fototerapia com radiação ultravioleta B. “Elas emitem um comprimento de onda capaz de matar as células que estão na pele, denominadas linfócitos T, que mataram os melanócitos. Dessa forma, os melanócitos conseguem voltar para as lesões do vitiligo e repigmentar a pele. Podemos também fazer tratamentos com medicações orais ou tópicas, além de remédios inibidores”, explica o médico. O especialista também destacou que ainda não foi possível impedir que o vitiligo não se instale em determinados locais, mas em áreas pequenas, como nas mãos, já é possível evitar.
“Nesse caso, por exemplo, é preciso tomar cuidado ao fazer a unha e retirar a cutícula, porque o traumatismo pode ser um gatilho para novas lesões, então, é melhor empurrar a cutícula, do que tirá-la. O paciente também não deve fazer depilação a laser, pois a destruição dos pelos faz com que se perca a reserva de melanócito e reduza o potencial de repigmentação. Também não é recomendada a utilização de clareadores a base de hidroquinona ou peeling de fenol porque retira toda a camada da pele, podendo desencadear o vitiligo”, conclui.