Moradores de Ilha de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, podem ganhar área protegida pela UNESCO. Em setembro, uma missão de avaliação visita o Sítio Roberto Burle Marx, situado no bairro, para avaliar a candidatura a patrimônio mundial, o que possibilita mais recursos e um tratamento diferenciado para a região. A decisão será divulgada em meados de 2020.
Cátia Regina de Lima e Silva, assessora de comunicação do Sítio, explica que o título de patrimônio mundial garante maior proteção para o entorno do sítio.
“É como a Catedral de Notre Dame, por exemplo. Garante uma movimentação maior para proteger o bem, a área de amortecimento e o entorno”, disse, acrescentando que deste modo é possível conter a especulação imobiliária e a ocupação do terreno o redor do Sítio.
A bióloga Suzana Bezerra, do setor educativo do Sítio, destaca a importância da candidatura. Ela acrescenta que, se a mata da região for destruída, os prejuízos serão grandes:
“A gente perde a nascente. Se a gente perde a nascente, perdemos a fonte de irrigação da coleção. O clima da região muda e pode causar perdas de exemplares. A gente já sofre com a alteração climática. Já sofremos com grandes tempestades, perda de algumas árvores, mas precisamos manter a região protegida para manter a coleção botânica”, disse.
Um passeio pela obra de Burle Marx
O sítio começou a ser construído pelo paisagista Burle Marx em 1949. Ele transplantou para o local várias espécies que colecionava desde quando tinha 7 anos de idade até o dia de sua morte, em 1994. Hoje, conta com cerca de 3.500 espécies vegetais da Mata Atlântica ameaçadas de extinção, além de exemplares de todo o mundo. São 405 mil m² localizados em parte do Parque Estadual da Pedra Branca.
O público pode visitar o Sítio em horários pré-agendados. As visitas ocorrem de terça a sábado, em dois horários: 9h30min e 13h30min. Guias treinados no Sítio acompanham os visitantes por cerca de duas horas. Eles apresentam a coleção botânica e a história de Burle Marx.
No dia 8 de junho, em comemoração ao Dia do Meio Ambiente, o sítio promoverá um evento de treinamento de observação de árvores.
Em um passeio pelo Sítio Burle Marx, o visitante pode entrar em contato com o talento do paisagista. Além de ter criado milhares de jardins pelo mundo, Burle Marx era um grande colecionador de arte. Desde conchas a obras de escultores do Brasil e do mundo são expostas no Sítio.
“Quem conhece a obra de Roberto Burle Marx não tem dúvidas a respeito do valor universal do Sítio como patrimônio cultural, diante da qualidade da obra do paisagista, que tem grande visibilidade e reconhecimento no Brasil e no mundo. Alguns visitantes fazem contato do exterior, solicitando o agendamento de visitas, com meses de antecedência. A inscrição na lista do Patrimônio Mundial representará o reconhecimento da importância do Sítio Roberto Burle Marx para a humanidade, e isso, além de reforçar as garantias de sua preservação, trará ainda mais visitantes para este local extraordinário, que o Iphan cuida há tanto tempo”, declara Claudia Storino, diretora do Sítio.