PM acusa colegas de colaborar com os bandidos

A sentença condenatória contra 33 traficantes que atuavam em comunidades de Nova Friburgo, na Região Serrana Fluminense, que saiu essa semana, traz o depoimento de um policial militar que acusa colegas de colaborar com criminosos.

Segundo ele, sem citar nomes de PMs, os bandidos da região sempre tinham conhecimento da próxima operação policial e que existe X9 dentro da corporação. De acordo com seu relato, alguém de dentro da PM poderia estar passando informações, além de vender munições e receber propinas.

A quadrilha de traficantes era liderada por Vailton de Oliveira Cerqueira, o Jogador, que está foragido. Ele é apontado na denúncia como dono do movimento do tráfico de drogas nas comunidades do Cantagalo e Pavão/Pavãozinho, em Ipanema e Copacabana, na Zona Sul do Rio, e da Favela do Dique, na Baixada Fluminense. Na cidade serrana, Jogador exercia o comando do tráfico no Cordoeira, Olaria, Cônego e Catarcione.

Vailton chegou a ser vinculado à facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) tendo participado de uma invasão ao Hotel Intercontinental, na Zona Sul da Capital, anos atrás, mas foi para o Comando Vermelho (CV).

Segundo informações da sentença, verificou-se a implantação do tráfico armado da Capital para o interior do Estado, através do domínio do bairro Alto de Olaria, em Nova Friburgo. Em poucos anos, o Complexo de Olaria se tornou um verdadeiro quartel general do CV no interior do Estado. "Ostentando e utilizando rotineiramente armas de uso estrito, como fuzis e pistolas, os traficantes querem instalar nesta cidade serrana o pânico na segurança pública", dizem os autos.

Os traficantes que atuavam nestas favelas puniam com a morte quem tentasse vender drogas na região sem estar vinculado à facção.

As principais cargas de entorpecentes iam para Olaria. As cargas vinham pela estrada e os policiais já conseguiram interceptar um carregamento de 70 kg de maconha vindo da cidade do Rio.

Por conta das sucessivas operações em favelas de seu domínio em Friburgo, que resultava em prisões e apreensões, Jogador mandou subordinados matarem o policial militar Elimar de Oliveira Teixeira, o que não aconteceu.

Procurada para comentar o caso, a PM não se manifestou.