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Em audiência pública, pescadores aprovam maricultura em Cabo Frio

Iniciativa deverá gerar cerca de dois mil empregos na região

Por Portal Eu, Rio! em 24/05/2019 às 10:13:41

Foto: Divulgação

Pescadores de Cabo Frio, do Peró e de Búzios, de forma unânime, aprovaram a instalação de uma fazenda de maricultura (produção de mexilhões e vieiras). Eles participaram da audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF), na tarde de quinta-feira, no Shopping do Peró. Com licença de instalação liberada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), o empreendimento, previsto para começar em julho, prevê um investimento total de R$ 414 milhões e a geração de 500 empregos diretos e 1.500 indiretos.

O procurador da República Leandro Mitidieri, que comandou a audiência pública, lamentou o fato de não ter ocorrido ampla discussão sobre a instalação da fazenda de maricultura antes de o INEA emitir a licença. Ele informou que decidiu convocar a audiência porque o empreendimento será instalado no mar, área do patrimônio da União.

"Empreendimentos deste porte precisam ter total transparência. Todas as dúvidas que sugiram nesta audiência pública foram ou serão esclarecidas pelo empreendedor. O MPF também está colhendo estudos para que não se deixem perguntas em aberto, sem resposta", disse o procurador Mitidieri.

Presidente da Colônia de Pescadores Z-4, de Cabo Frio, Alexandre Marques Cordeiro disse que os pescadores fizeram um estudo do projeto da fazenda de maricultura e aprovaram o empreendimento. Com apoio de Chita, da colônia de Búzios, lembrou que a pesca será liberada para pescadores artesanais na área da fazenda que, segundo ele, vai melhorar em muito a produção de peixes em toda a região do Peró.

"Nós não queremos que os pescadores virem salineiros, que passaram fome com o fim das salinas. O futuro da pesca artesanal está neste empreendimento. Vamos poder trabalhar lá dentro e os barcos atuneiros (que arrasaram a pesca no Peró) serão proibidos de navegar por ali".

Responsável técnico da empresa hispano-brasileira Mexilhões Sudeste do Brasil (MSB), o oceanógrafo Júlio Avelar afirmou que o empreendimento não provocará nenhum impacto ambiental na Praia do Peró, vai gerar emprego e estimular o turismo gastronômico em Cabo Frio.

"Além dos aspectos econômicos, a fazenda de maricultura terá um foco social, na formação técnica de jovens, e espaço aberto para a pesquisa científica. Não se trata de uma aventura. A fazenda servirá como protótipo de empreendimentos semelhantes em outras partes do mundo. Na Galícia, onde existem várias praias com Bandeira Azul, as fazendas marinhas produzem cerca de 300 toneladas de marisco. O programa tem o apoio da FAO, que combate a fome no mundo", observou o técnico.

Durante a audiência pública, falaram, além dos pescadores e o técnico da MSB, o coordenador de Meio Ambiente de Cabo Frio, Mário Flávio Moreira, e a representante do INEA, Michele Ribeiro. Representantes do movimento “Salvem as Dunas do Peró” são contra a realização do projeto, alegando que a fazenda trará danos ambientais à Praia do Peró. O procurador recebeu um relatório com a opinião técnica de três biólogos independentes que analisaram o projeto a pedido da comunidade e ambientalistas do Peró. Estavam representandos, entre outros, a Associação da Costa do Peró, Amigos do Peró e Associação Caravelas do Peró.

"Não há emprego na Região dos Lagos. Não podemos virar as costas para um empreendimento gigantesco que não trará impactos. Não vamos interromper um projeto como fizeram com o Clube Med, que traria muitos empregos. Hoje o local onde seria o hotel virou um lixão", lamentou Alexandre Guilherme, líder comunitário do bairro Colinas do Peró.

Diretor Administrativo da MSB, Perez Diaz, garantiu que o empreendimento vai apoiar o projeto Bandeira Azul, título internacional de qualidade conquistado pela Praia do Peró.

"Assim como na Espanha, onde as fazendas marinhas convivem com as praias Bandeira Azul, o mesmo ocorrerá aqui. Os projetos são muito ligados porque fazendas marinhas exigem água de alta qualidade, que em geral só existentes em praias com Bandeira Azul", explicou.


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