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Líder promete ida de Moro ao Senado para esclarecer diálogos com Força-Tarefa

Expectativa é de que depoimento à Comissão de Constituição e Justiça aconteça na próxima quarta (19)

Por Cezar Faccioli em 12/06/2019 às 08:04:43

O líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho, enviou ofício solicitando que CCJ avalie a possibilidade de ouvir o ministro na semana que vem Foto Jefferson Rudy Agência Senado


O ministro da Justiça Sérgio Moro se colocou à disposição da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado para prestar esclarecimentos em relação às notícias publicadas na imprensa sobre a suposta colaboração com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.

O ofício encaminhado pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado, solicita que seja feita uma consulta à presidência da CCJ sobre a possibilidade de realização de audiência pública para ouvir o ministro. O presidente do Senado Davi Alcolumbre, anunciou em Plenário que a intenção é que a CCJ ouça Sérgio Moro na próxima quarta-feira (19), às 9h. Na carta, Bezerra declarou o apoio do governo a Moro e a disposição do ministro em reafirmar a sua boa conduta como juiz.

"Manifestamos a nossa confiança no ministro Sérgio Moro, certos de que esta será uma oportunidade para que ele demonstre a sua lisura e correção como juiz federal, refutando as críticas e ilações a respeito da sua conduta à frente da Operação Lava Jato", conclui o senador.

Em sua conta nas redes sociais, o presidente do Senado Davi Alcolumbre, disse que deverá esperar e observar com cuidado os desdobramentos das notícias.

"Nós temos que aguardar com muita cautela e responsabilidade o desenrolar dos próximos passos em relação a essas notícias antes de tomar as decisões. A vinda do ministro Moro será, sem dúvida, uma oportunidade para os senadores terem acesso a todas as repostas que julgarem necessárias", afirmou Davi.

A articulação entre o líder do governo no Senado e o ministro da Justiça se segue a uma intensa movimentação na câmara alta em torno da necessidade de Moro esclarecer os diálogos com o chefe da Força-Tarefa da Lava Jato. O senador Angelo Coronel (PSD-BA) apresentara na segunda-feira (10) dois requerimentos para que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) ouça o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador federal Deltan Dallagnol sobre a "suposta e indevida coordenação de esforços" na Operação Lava-Jato. O senador informou, ainda, que iniciará a coleta de assinaturas para a criação de uma CPI.

O pedido vem após a divulgação, no último domingo (9), de conversas dos dois por aplicativo de mensagens, em reportagem da agência de notícias The Intercept. Para Coronel, os envolvidos, por razões pessoais ou desconhecidas, parecem combinar entre si o andamento da Operação Lava-Jato, estratégias de abordagem de investigados e melhor momento para o desencadeamento de fases.

De acordo com o senador, o teor da troca de mensagens indica desvirtuamento das funções do procurador. E indicam que o então juiz Moro extrapolou funções e desrespeitou deveres da magistratura. Moro, atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, foi o juiz responsável por julgar réus que foram alvo da operação, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso.

— É preciso apurar a parcialidade, porque houve essa junção do acusador com o julgador. O juiz tem que ficar distante da acusação, tem que ficar ali naquela redoma esperando os fatos para julgar dentro do espírito da lei e o que aconteceu desvirtuou esse julgamento — disse o senador, que classificou como "conspiração" o teor das conversas.

Angelo Coronel informou que pretende conversar com a presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS), para que os requerimentos entrem na pauta da próxima reunião da comissão, marcada para quarta-feira (12), às 10 horas. A coleta de assinaturas para a CPI começou na própria segunda (10). Além disso, ele enviará ofício ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que sejam apurados os fatos.

Caso sejam comprovadas as denúncias, disse Coronel, Sergio Moro talvez não possua condições políticas e técnicas para se manter à frente do ministério e deveria pedir o próprio afastamento. A comprovação, na opinião do senador também "colocaria em dúvida toda a lisura da mais importante operação de combate a corrupção já feita neste país".

Os requerimentos apresentados por Coronel são para a convocação de Moro (por ser ministro) e de convite a Dallagnol.


A troca de mensagens por um aplicativo entre o então juiz Sergio Moro — atual ministro da Justiça e Segurança Pública — e o procurador da República Deltan Dellagnol, reveladas no domingo (9) pelo site de notícias The Intercept, repercutiram também na terça-feira (11) em reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Alguns senadores afirmam que os diálogos evidenciariam indevida coordenação de esforços na Operação Lava Jato. Outros consideram que é preciso investigar como ocorreram os vazamentos.

Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), Sergio Moro não pode continuar no cargo de ministro da Justiça.

— Na minha opinião, o ministro da Justiça não pode mais continuar ministro, a não ser que ele coloque, acima de tudo, a necessidade de ter um emprego e jogar por terra, como já jogou, toda sua história de magistrado, que nós todos pensávamos isento e imparcial, o que, pelas últimas informações e notícias dadas como corretas e sérias, não corresponde à realidade. Houve, claro, uma concordância, uma intenção de se orientar o Ministério Público na condução da denúncia para a prisão do ex-presidente Lula. Eu não tenho a menor dúvida disso — disse.

Já Alessandro Vieira (Cidadania-SE) avalia que o vazamento indica que está em curso um ataque orquestrado contra a Operação Lava Jato.

— Uma organização criminosa, provavelmente contratada por alguém interessado em prejudicar investigações, está em ação no Brasil. Nós temos uma quadrilha fazendo monitoramento, infiltração e "hackeamento" de aparelhos smartphones, celulares de autoridades: ministros, juízes, desembargadores, procuradores da República e, quem sabe, senadores. Então, a gente não pode fechar os olhos para o que está acontecendo no Brasil: uma ação criminosa, orquestrada, que não é barata, que não é simples, e que está atacando fortemente o sistema de Justiça brasileiro — afirmou.

Pelo Twitter, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) disse apoiar a análise criteriosa das informações e o convite para que os envolvidos venham ao Senado. Já o PDT, também pelo Twitter, anunciou que apoiará a criação de uma CPI para apurar os fatos.

Às 19 horas de segunda (10), parlamentares do Partido dos Trabalhadores se reuniram para estudar as providências que devem ser tomadas neste caso.

Fonte: Agência Senado e Agência Câmara Notícias

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