Na manhã desta quinta-feira (4), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), deflagrou em parceria com a Polícia Civil a operação Salvator que prendeu até o momento 42 dos 77 integrantes de uma organização criminosa que atua em Itaboraí no Leste Fluminense e que era voltada para a prática de homicídios, tortura, roubos,extorsões, estelionatos e receptações. O grupo chegava a lucrar cerca de R$ 500 mil por mês ameaçando moradores e comerciantes da cidade e ainda apontado como autores da maior chacina já ocorrida em Itaboraí, quando no último dia 20 de janeiro, dez pessoas foram brutalmente assassinadas. Ela é chefiada pelo miliciano Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando Curicica, preso desde 2017 em uma penitenciária federal e que é apontado como um dos envolvidos pela morte da vereadora Marielle Franco em março do ano passado.
Entre os envolvidos estão nove policiais militares e dois advogados. O PM Fábio Nascimento de Souza, conhecido como China, foi preso em casa, em Rio Bonito. Apontado como homem de confiança de Orlando Curicica, ele trabalhava na UPP Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Junto com ele uma pistola calibre 380 também foi apreendida.
Filial
O grupo miliciano foi constituído e implementado, inicialmente, como espécie de "franquia" da organização "Grupo criminoso de Curicica", com atuação nas zonas Oeste e Norte da capital fluminense e liderada por Orlando, que fornecia armamento e "soldados" para a milícia local, liderada por um criminoso conhecido como "Renatinho problema" ou "Natan", que o retribuía com o repasse de percentual dos valores arrecadados em Itaboraí. Eles tomaram o controle do local após expulsarem traficantes do Comando Vermelho (CV) da região.
A organização criminosa possuía funções bem definidas, tais como donos, lideranças, gerência, "matadores", recolhedores, soldados ou olheiros - começou a se estabelecer em Itaboraí no final de 2017 e início de 2018, período em que foram noticiados os primeiros crimes praticados pelo grupo, tais como a cobrança das "taxas de segurança" e "gatonet", entre outros delitos, especialmente nas áreas de Visconde de Itaboraí, Areal e Porto das Caixas - localidades nas quais, até então, a atividade de tráfico era explorada pela facção "Comando Vermelho".
Para fundamentar o pedido de prisão preventiva, aponta o MPRJ que todos os denunciados são peças importantes da mesma engrenagem, sem os quais a organização criminosa não se manteria ativa da forma como se mantém. E que, enquanto todos os seus integrantes não forem retirados de circulação, suas atividades permanecerão a pleno vapor.
Além do cumprimento da prisão preventiva e dos mandados de busca e apreensão de aparelhos eletrônicos e anotações de integrantes da organização, o MPRJ obteve na Justiça a quebra de sigilo de dados e o bloqueio de contas bancárias dos denunciados. A denúncia foi recebida e as prisões decretadas pelo juízo da 1ª Vara Criminal da comarca de Itaboraí. Com a prisão dos milicianos e, inclusive, das lideranças, acredita-se que a organização será desmantelada.