Forças paramilitares chinesas realizaram exercícios na fronteira com Hong Kong nesta quinta-feira (15), aumentando os temores de que Pequim esteja se preparando para agir contra manifestações de massa no centro financeiro asiático, que descreveu como "quase terrorismo".
Centenas de membros da Polícia Armada do Povo, braço armado do Partido Comunista, puderam ser vistos em um estádio esportivo de Shenzhen, onde estacionamentos foram ocupados por mais de 100 veículos paramilitares pintados de preto, o que levou a preocupação dos Estados Unidos em relação aos protestos em Hong Kong.
A China reiterou na quarta-feira que os protestos de Hong Kong foram "quase terroristas”. Cenas de batalhas campais e confrontos de rua, além da ocupação do principal aeroporto de Hong Kong dois dias atrás, quando os manifestantes atacaram dois homens suspeitos de serem simpatizantes do governo.
“Dezessete pessoas foram presas na quarta-feira, elevando o total de detidos desde junho para 748”, disse a polícia em entrevista coletiva, acrescentando que as delegacias de polícia foram cercadas e atacadas 76 vezes durante a crise.
As táticas policiais estão endurecendo depois de 10 semanas de confrontos cada vez mais violentos entre a polícia e os manifestantes, que mergulharam Hong Kong em sua pior crise desde que ela reverteu do domínio britânico para o chinês em 1997.
Os protestos representam um dos maiores desafios populistas do presidente chinês, Xi Jinping, desde que ele chegou ao poder em 2012 e não mostra sinais imediatos de solução.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que aceitaria um acordo comercial EUA-China se a agitação fosse resolvida "humanamente", e sugeriu que estava disposto a se encontrar com Xi para discutir a crise.
“Tenho ZERO de dúvida que, se o presidente Xi (Jinping) quiser resolver rápida e humanamente o problema de Hong Kong, ele pode fazê-lo. Encontro pessoal? ”Trump disse no Twitter.
O Departamento de Estado dos EUA disse estar profundamente preocupado com relatos de que forças militares chinesas estejam se reunindo perto da fronteira com Hong Kong e pediu ao governo da cidade que respeite a liberdade de expressão. O departamento também emitiu um comunicado de viagem incitando os cidadãos dos EUA a ter cautela ao visitar Hong Kong. A China advertiu os Estados Unidos contra o que considera uma interferência externa em uma questão interna.
Outros governos estrangeiros pediram calma. A França pediu às autoridades de Hong Kong que renovem conversas com os manifestantes, enquanto o Canadá disse que a China deveria lidar com os protestos com tato.