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Museu Sobrevive

Museu Nacional apresenta o que já foi realizado após um ano da tragédia

Equipe da UFRJ prevê novo campus e reabertura parcial do palácio para 2022


Foto: Leonardo Pimenta

A reitora da UFRJ, Prof(a) Denise Pires de Carvalho, o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, e a vice coordenadora do Núcleo de Resgate, Luciana Carvalho, apresentaram, nesta quarta (28), um balanço sobre o trabalho de resgate realizado pela equipe de pesquisadores e sobre o que já foi doado para a instituição. Segundo Luciana Carvalho, o museu perdeu aproximadamente 46% do seu acervo, 35 % das coleções estão sendo resgatados e 19% não foram perdidos, pois estavam nos prédios do Horto Botânico. A pesquisadora relatou que, após o incêndio, um plano de trabalho foi montado pela equipe para a recuperação do acervo. A 1ª etapa foi a de reuniões com a formação de um Núcleo de Resgate, a avaliação da situação do local e a aquisição de contêineres, equipamentos e material para ser usado no trabalho. A 2ª etapa foi de planejamento e mapeamento do que havia nos espaços internos do palácio. A atual fase do plano é a de resgate do acervo, registro, estabilização e armazenamento. A parte final será o inventário de perdas e danos e um relatório de conclusão.

"O palácio tem cerca de 2 mil metros quadrados só na planta baixa, sem contar os outros pavimentos. Algumas áreas não desabaram, pouquíssimas. Essa planta baixa foi dividida em 71 áreas, dessas, 50 já foram encerradas, nós já terminamos o trabalho de resgate nelas. Ainda temos 21 áreas a serem trabalhadas, onde ainda existe acervo científico para ser retirado. As coleções que estavam dentro de armários de aço resistiram mais, ainda que esses armários tenham sido danificados pelo incêndio. Tem peças como cerâmicas, estatuetas, que estão em excelente estado de preservação, ainda que a gente note danos relacionados ao incêndio, como quebras, fraturas e esmaecimento de cores relacionados ao processo de calor e do incêndio", disse Luciana Carvalho.

A equipe do Núcleo de Resgate apresentou mais algumas peças encontradas em boas condições sobre os escombros, como o capacete samurai de um guerreiro japonês, a estatueta em bronze da deusa Bastet, um vaso de cerâmica em formato de peixe e itens da coleção greco-romana da Imperatriz Teresa Cristina.

Foto: Leonardo Pimenta

Reconstrução do Museu

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, anunciou que 8,9 milhões dos 11 milhões oferecidos pelo Ministério da Educação já foram utilizados nas obras emergências de contenção do prédio e na compra de material para o resgate e armazenamento das peças recuperadas. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) irá administrar R$ 5 milhões, os quais deverão financiar a recuperação da parte interna do palácio e a montagem de exposições. O museu irá gastar ainda R$ 908,8 mil para realização de um projeto para a recuperação da fachada e do telhado original.

Já o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações irá repassar R$ 10 milhões a serem destinados à compra de equipamentos e investimento em pesquisa.

Alexander Kellner relatou que conseguiu, com a bancada do Rio de Janeiro da Câmara dos Deputados, uma emenda impositiva parlamentar no valor de R$ 43 milhões e uma ajuda do BNDES de 21 milhões e que hoje possui o total de R$ 68 milhões.

"O valor disponível hoje é de R$ 68 milhões, sendo R$ 43 milhões destinados pela emenda impositiva da bancada do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados, R$ 21 milhões de um convênio com o BNDES e outros R$ 5 milhões repassados pelo Ministério da Educação que estão sendo administrados pela Unesco para o gerenciamento do projeto".

Kellner informou também que a reabertura parcial do Museu Nacional está prevista para 2022.

Construção do Campus Cavalariça

A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, disse juntamente com o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, que o governo irá ceder um terreno de 44 mil metros quadrados, para a construção de laboratórios e do novo Campus Cavalariça. O Campus, além de reunir os laboratórios e as salas de aula, também seria um centro de exposições. O valor para a construção do espaço e a cessão ainda estão sendo negociados com a União.

"Nós precisamos pensar na reconstrução da estrutura física dos laboratórios que nós perdemos. Este terreno vai ser o futuro Campus Cavalariça. O governo brasileiro cedeu esse terreno, estamos só acertando detalhes finais. Queremos construir ali, inclusive, um centro cultural educacional, mas ainda não temos verba. Quando conseguir essa verba, ele pode ser construído em seis, no máximo, nove meses", disse a reitora Denise Pires.

Doações

O Museu Nacional recebeu em doações, através da Associação Amigos do Museus Nacional, até o dia 09 de junho deste ano, o valor de 346 mil reais entre pessoas físicas e jurídicas.

O governo alemão, além de doar 180,8 mil euros para a aquisição de equipamentos de pesquisa, prometeu mais 145 mil euros para a recuperação da parte elétrica.

A Agência Britânica Internacional British doou também R$ 150 destinados a bolsas de especialização para professores e alunos da UFRJ.

Tragédia

O palácio da Quinta da Boa Vista, sede do Museu Nacional, pegou fogo no dia 2 de setembro do ano passado, e o incêndio consumiu grande parte do acervo formado por peças de paleontologia, antropologia, geologia, zoologia, arqueologia e etnologia biológica com mais de 20 milhões de itens. O acervo de botânica não foi afetado, pois ficava nos prédios do Horto Botânico, fora do local. As investigações da Polícia Federal, até o momento, definiram que o incêndio começou em um ar-condicionado localizado no 3º Andar e que se alastrou para todo o prédio. A falta de água nos hidrantes do parque da Quinta da Boa Vista durante o combate ao incêndio teria sido outro fator predominante para a perda de peças e para a propagação do fogo.

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