As reivindicações pelos direitos dos animais ganham mais espaço na sociedade e, atendendo a essas reivindicações, a prefeitura de Niterói criou espaços públicos destinados aos passeios dos animais. Porém, usuários do Parcão localizado na Praça Nilo Peçanha, no Gragoatá, reclamam da falta de condições adequadas no local para o divertimento dos cãezinhos.
Os donos dos animais afirmam que no local não há um bebedouro para os animais, mas apenas uma torneira e que nela não tem água. Outro fato apontado pelos proprietários dos cachorros é a questão do piso, feito com muita pedra de brita e que já causou ferimentos nas patas de alguns cães, devido à exposição das pedras ao sol com falta de sombra adequada.
A reivindicação por melhorias na infraestrutura do Parcão chegou até a Câmara de Vereadores da cidade, ainda no início deste ano. O vereador Renatinho do Psol, militante da causa animal, fez então uma indicação legislativa em abril alertando a prefeitura para os problemas de infraestrutura no Parcão do Gragoatá.
Segundo o parlamentar, a resposta encaminhada ao seu gabinete pela Secretaria de Planejamento, Modernização da Gestão e Controle (Seplag) chegava a afirmar que os problemas não existiam e, diante disso, resolveu fazer outra indicação legislativa reafirmando os problemas colocados no primeiro documento e contestando a informação da Prefeitura de que haveria água para os animais, mesmo que estivessem fora dos padrões pedidos pelos donos dos cães.
"Como pode um secretário mentir? Estou fazendo apenas o meu trabalho que é o de fiscalizar as ações da prefeitura. Mas agora a nossa meta é: se não resolver com mais uma semana, vamos entrar com uma queixa no Ministério Público, porque penalizar os animais é crime. Deixar esses cachorros sem o equipamento necessário em um lugar que é feito para eles é fazer pouco caso da saúde desses cães. Proteger os animais, com certeza, é um ato de amor", afirmou Renatinho.
De acordo com a bióloga Andreia Santos, de 40 anos, coordenadora do Grupo Bulls Niterói, o Parcão que fica no Horto do Fonseca tem uma boa estrutura, mas o do Gragoatá peca em muitos detalhes e deixa a desejar. "No Fonseca tem um ambiente com sombra e com um sistema de água como se fosse uma baia, um bebedouro onde eles além de beber podem entrar e se refrescar na água corrente", afirmou.
Quanto ao piso, a bióloga argumenta que os cães pequenos são os que mais sofrem. "Num terreno que tenha um substrato muito grosseiro, um cachorro de grande porte não vai ter muito problema, mas imagine um chihuahua ou outro em que as patinhas e os dedinhos sejam pequenos, com as almofadinhas bem frágeis. Porque a gente vem passear e o cachorro não fica parado, ele corre, interage com os demais. Se lá no Fonseca tem, porque aqui não tem?", questiona.
A bióloga afirma que se o Parcão foi feito com dinheiro público para receber os animais e se os animais têm voz para reclamar se o lugar está adequado ou não, os "pais e mães" dos bichinhos devem lutar por eles. "Nós queremos trazer os nossos encontros do Grupo Bulls para cá, que hoje acontece no Fonseca, mas o local não tem condições de receber os eventos", disse.
Em nota, a Prefeitura de Niterói afirmou que apesar das reclamações dos donos de cães, o piso do Parcão do Gragoatá é igual ao do Horto do Fonseca. Sobre a água, a Secretaria esclareceu que não existe reservatório no local e que a torneira está ligada à rede da rua, estando sujeita aos dias e horas de abastecimento da rede, feito pela Companhia estadual de Águas e Esgoto (Cedae).