Um estudante de 14 anos esfaqueou, na manhã desta quinta (19), um professor durante o intervalo entre as aulas no Centro Educacional Unificado (CEU) Aricanduva, em São Paulo. Segundo a Polícia Militar, o jovem golpeou o professor no abdômen com uma faca no corredor da escola, por volta das 9h20, e logo depois voltou para a sala, confessando aos colegas o que havia feito. Após a confissão, o aluno tentou atingir, com a faca, o próprio abdômen, mas foi contido por outro professor.
"Pelas informações, trata-se de um surto psicótico. Ele tem 14 anos, pelas referências, é um bom aluno, nunca deu problema, tem apresentado boas notas. É um fato que surpreendeu a todos aqui na escola", disse o tenente Damasceno, do 19º BPM.
O professor foi atendido no pronto-socorro de Jardim Iva e transferido para o Hospital Estadual de Vila Alpina, onde foi encaminhado para uma cirurgia de emergência.
Já o aluno foi retirado pelo helicóptero Águia, da PM, e levado para o Hospital das Clínicas, no centro de São Paulo. Seu estado de saúde é estável.
O 66º DP (Vale de Aricanduva), responsável pelo caso, está apurando, no centro educacional, a motivação do ataque. Os investigadores apreenderam o celular do garoto e uma faca de cozinha que foi usada no crime. As imagens das câmeras de segurança serão utilizadas na investigação do caso.
O adolescente teria enviado uma mensagem pelo celular antes do crime se despedindo da mãe.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, esteve no Centro Educacional Unificado para acompanhar as investigações e lamentou o ocorrido.
"Queria lamentar aqui esse fato triste. Dizer que todos os professores daqui, e funcionários, que estavam trabalhando em período já estão recebendo acolhimento com técnicos, psicólogos da Secretaria de Saúde e da Secretaria da Educação. Amanhã vão passar por um treinamento para discutir como receber de novo esses alunos. Então, a escola vai ficar sem aula tanto no dia de hoje quanto no de amanhã", lamentou Bruno Covas.
A Diretoria Regional de Itaquera informou em nota "que o aluno e o professor estão sendo atendidos pelos serviços de saúde do município e que a direção do CEU suspendeu as atividades de hoje na unidade". A diretoria disse ainda que estudantes, professores e servidores receberão atendimento psicológico.
Ataque em Suzano e em escolas no Rio mostra a falta de acompanhamento da vida dos alunos
O massacre na Escola Estadual Prof. Raul Brasil, em Suzano, na cidade de São Paulo, em março desse ano e os ataques que aconteceram em escolas do Rio de Janeiro mostram a necessidade de um maior acompanhamento da vida dos alunos por parte dos pais, professores, coordenadores pedagógicos, diretores e de implantação de políticas educacionais mais efetivas no combate à violência nas escolas por parte dos nossos governantes.
O Portal Eu Rio, nas matérias sobre a falta de medidas efetivas de prevenção ao bullying e sobre a facilidade de se entrar nas escolas públicas no Rio, demonstra que, por mais que tenham acontecido várias tragédias em instituições públicas do Brasil, poucas medidas efetivas de combate à violência nas escolas e à depressão em jovens e crianças foram tomadas pelos governantes de municípios, estados e pela União.
Segundo a psicóloga Danielle Vanzan, diversos fatores contribuem para que jovens e crianças tenham problemas emocionais graves. Algumas das causas seriam a ausência da família, a baixa estima e a dificuldade de se integrarem socialmente. Danielle relata que um aluno que sofre bullying em uma escola costuma demonstrar mudanças de comportamento como o isolamento, a depressão, a introversão, a mutilação do próprio corpo, a tendência ao suicídio e o uso de roupas de manga comprida para esconder o próprio corpo. No caso dos jogos, ela comenta que, dependendo do caso, do tipo e da quantidade de tempo que esse menor fica exposto diante de um jogo, os pais devem estar atentos, já que atrapalha a concentração, o sono e, dependendo da faixa-etária, pode estimular o comportamento violento e a queda do desempenho escolar. Ela alerta que uma grande preocupação atualmente dos psicólogos é o suicídio entre crianças e jovens. A psicóloga acrescenta que tem cuidado de casos em que se observa que existe grande omissão de professores em relação a mudanças no comportamento dos alunos e, ao mesmo tempo, negligência das escolas. Na sua opinião, o professor deveria ser orientado a intervir nesses casos de bullying nas escolas.