Em novembro de 2018, a atriz Cristiane Machado ficou conhecida em todo o país não pelo seu trabalho artístico, mas pelas violentas e brutais agressões físicas que sofria do então marido, o ex-diplomata Sérgio Schiller Thompson-Flores. E em setembro deste ano, a Justiça do Rio condenou o agressor a três anos em regime semiaberto.
Um ano depois de revelar as imagens que chocaram o país, Cristiane conversou de maneira exclusiva com o "Portal Eu, Rio!" sobre a sentença que condenou Flores e como se encontra atualmente.Considerando uma "vitória muito grande" que pode "abrir espaço para que cada vez mais as mulheres sejam ouvidas sobre o que muitas sofrem diariamente", ela admite que ainda sente medo. A atriz também afirmou que vai entrar com recurso para que a pena seja mais forte.
"Eu fico muito feliz que a justiça foi feita, mas eu ainda sinto muito medo, pois ele continua ofensivo, me difamando. Eu agora estou sendo agredida psicológica e mentalmente e é por isso que vou entrar com recurso. Mas eu confesso que me dá um alívio saber que ele agora está condenado, porque a mulher precisa a todo momento provar a própria inocência, enquanto o homem não tem essa necessidade. Mas eu vou recorrer porque sei que ele não tem limites. Embora eu esteja muito feliz com a condenação, já que isso foi um grande passo dado, vou tomar essa atitude porque isso tem que cessar. A violência contra a mulher precisa parar de qualquer jeito, não importa o tipo que seja", desabafa Cristiane.
Uma situação que a atriz faz questão de falar é que o processão "não tem nada a ver com o dinheiro" do ex-diplomata, já que tinha um status social conquistado com o próprio trabalho. Logo, não era dependente dele financeiramente. Outra coisa que Cristiane diz ter "orgulho" é de ter sido a primeira mulher no Rio a usar o aparelho que detecta quando o agressor de encontra a menos de 200 metros de distância. Cristiane torce para que a medida fortaleça o combate à violência contra a mulher.
Opinião sobre o Caso Nájila
Em junho deste ano tornou-se conhecido o suposto estupro que o jogador Neymar teria cometido à modelo Nájila Trindade. Por causa de uma série de inconsistências e contradições nos depoimentos prestados â polícia, ela virou ré por fraude processual. Questionada sobre como essa situação dificulta as ações em defesa das mulheres realmente agredidas, Cristiane afirmou que existem pessoas de má índole "em qualquer área, gênero e classe social" e que cabem às autoridades as devidas providências caso fique provado que a situação foi forjada. Mas ressaltou que isso não pode ser usado para desqualificar a luta contra a violência doméstica.
"Se ela de fato mentiu, se isso for provado, cabe à Justiça fazer o seu papel. A lei é para todo mundo. As mulheres conquistaram a Lei Maria da Penha porque os homens são mais fortes em relação a essa questão legal. A gente vive em um judiciário patriarcal, tanto que a justiça é composta majoritariamente por homens. Mas não cabe a mim opinar, nem julgar se ela está falando ou não a verdade. Isso quem vai decidir são as autoridades com os devidos trâmites legais", opinou Cristiane.
Filme e livro para 2020
A atriz comentou a expectativa para o filme "Fear", produção internacional dirigida por Josh Taft, com previsão de estreia entre o final do ano e início de 2020. Ela também revelou que vai lançar um livro no ano que vem contando detalhes até hoje inéditos sobre o drama que sofreu. Cristiane conta que reverterá toda a verba com os exemplares vendidos para o Instituto Maria da Penha.
"Eu faço palestras voluntárias, porque isso virou uma missão em minha vida. A editora deve lançar o livro no ano que vem e toda essa renda será destinada a ajuda o Instituto Maria da Penha, pois essa é uma luta de extrema importância. Não faço isso com a intenção de levantar bandeira ou fazer algum tipo de propaganda, mas porque eu realmente acredito que essa é uma missão de vida que eu tenho. E será um livro não apenas para mulheres, mas para homens também", revelou empolgada.