Na próxima segunda-feira (7), a arte e a educação serão utilizadas como ferramentas de promoção da saúde mental. Esse será o principal eixo da Primeira Semana de Saúde Mental do Colégio Pedro II, na Tijuca, Zona Norte carioca. A programação inclui diversas atividades, entre elas, a apresentação do consagrado grupo Teatro de Dyonises, que levará ao palco do colégio, a peça Macbeth, de Shakespeare.
Quem contou um pouco sobre a ação foi o psiquiatra transcultural e fundador do Teatro de Dyonises, Vitor Pordeus, que deve abrir o evento com uma palestra sobre saúde mental nas escolas. Vitor também comentou sobre a importância do debate sobre o tema no ambiente escolar.
"A sociedade vive uma crise de violência e de ausência de diálogo, as pessoas estão adoecendo, a juventude tem índices altíssimos de transtornos psíquicos. Entre eles, os mais conhecidos como depressão, ansiedade, agressividade. A escola recebe toda essa diversidade, realidade e conflitos em grandes números através dos alunos. Precisamos debater as questões de saúde mental nesse espaços para desmistificar o tema, acolher as pessoas e mostrar alternativas de tratamento adequado", explicou o especialista.
Pordeus ainda reforçou o papel da arte nesse processo e falou do trabalho desenvolvido pelo Teatro de Dyonises.
O teatro é o espaço onde as emoções são verbalizadas, transmitidas e expressadas de forma livre. No grupo de teatro, trabalhamos muito com Shakespeare por que os personagens exemplificam exatamente os arquétipos da psique. Assim conseguimos acessar conteúdos do inconsciente e trabalhar coletivamente com a música e a expressão corporal dentro da peça. Existem ações de cura além dos remédios e isso foi dito e comprovado pela doutora Nise da Silveira há décadas atras. O que precisamos é dialogar com a população, com a comunidade e fortalecer as atividades culturais que promovem saúde mental", alertou.
O psiquiatra também refletiu sobre as formas de tratar as doenças mentais e de algumas características da sociedade moderna.
"Essa é uma forma de identificar os transtornos causadores de sofrimento psíquico e caminhar para cura. A sociedade como um todo está adoecida, nosso modelo de sociedade é adoecedor. As escolas, os profissionais de saúde, os professores, toda a população precisa ouvir e falar sobre as condições em que vivemos, olhar para nossa história e entender os traumas. Só assim conseguiremos melhorar esse cenário, com a cooperação coletiva e o afeto", concluiu.
Vale relembrar que a palestra de Vitor Pordeus acontece dia 7, às 17h, no Pedro II da Tijuca. Além disso, a oficina do psiquiatra transcultural ocorre toda terça e quinta na Biblioteca Parque Estadual, de 15h às 18h. O projeto é gratuito e aberto para todas as idades.