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Kenneth Branagh consegue novo respiro em “A Noite das Bruxas”

Cinestesia, Por Gabi Fischer, Cineasta e Produtora

Em 08/12/2023 às 12:21:19

Todo fã de mistério tem um livro da Agatha Christie na estante. A grande rainha do gênero nos presenteou com títulos que seguem fazendo novos fãs e sendo adaptados. Como é o caso do título “Hallowe'en Party”, de 1969, que chegou nas mãos de Kenneth Branagh para mais um projeto. O diretor e ator assume mais esse desafio de levar o mundo de Agatha para a tela, que começou bem com “Assassinato no Expresso do Oriente”, deu uma perdida em “Morte no Nilo” e se recupera muito bem aqui.

Para começar que “A Noite das Bruxas” não é uma adaptação em si do livro, mas sim o utiliza de inspiração. Criou-se um novo roteiro, agora com a história na gótica Veneza do século XX. Inclusive, essa mudança e criação para o audiovisual foi elogiada pelo bisneto de Agatha Christie, James Prichard, que é produtor executivo do filme.

Com um orçamento menor que o filme anterior e mais intimista, tanto pelo número de integrantes do elenco como as ambientações, “A Noite das Bruxas” dá um novo respiro para a franquia por nos fazer mergulhar nesse pallazzo em Veneza e ficar trancado ali com os personagens. Assim, o fio condutor é sobre o que é real e o que é sobrenatural. O grande acerto é nos colocar lado a lado com o protagonista, o detetive Hercule Poirot, fazendo estes questionamentos.

Kenneth utiliza muito bem da iluminação desses ambientes amplos, a bela arquitetura da época, dutch angle (plano holandês), os planos detalhes e de lentes grande angulares para nos posicionar dentro do suspense de quem é o assassino. Isso tudo cria muito bem o clima de tensão psicológica e faz funcionar a fórmula de “whodunit” (narrativa de “quem é o culpado?”). Em 1h40 de filme, o mistério é bem mantido e equilibrado graças ao roteiro bem dividido classicamente em três atos.

Para além da direção, Kenneth coloca todo o holofote em si mesmo na pele de Poirot, fazendo com que os coadjuvantes realmente nem tenham tanto tempo de destaque. Foi algo que senti falta, especialmente para melhor desenvolvimento destes, pois apresentam ocultos interessantes e que poderiam ser melhor explorados. Claro, todos os aplausos para a fofura de Jude Hill, o ator mirim irlandês que nos conquistou já em “Belfast”.

Em tempos que os detetives estão novamente ganhando espaço no cinema, seja aqui com o cético e misterioso Poirot ou o irônico e cômico Benoit Blanc (interpretado por Daniel Craig em “Facas e Segredos”), “A Noite das Bruxas” cumpre seu papel com uma boa sessão de brincadeira de detetive, que segue sendo sucesso por sempre despertar toda nossa curiosidade.

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