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Viva a Escola Aberta: crise da educação e desigualdades no Brasil

Chico Teixeira, Professor Titular de História Moderna e Contemporânea/UFRJ; Professor de Teoria Social/UFJF; Professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior/Eceme, do Exército do Brasil

Em 13/12/2023 às 16:58:28

É muito confuso e injusto apontar para os movimentos identitários atuais como causa da crise na Educação no Brasil . Mesmo trabalhando com apenas um fator da Desigualdade profunda no Brasill (fator histórico raça/etnia, derivado da Escravidão e sua permanência social), o identitarismo é um fenômeno recente no país, ainda sem uma avaliação possível em sua completa extensão enquanto fenômeno de Emancipacao. Por outro lado, a “crise da Educação no Brasil é um projeto secular”, como diria Darcy Ribeiro. O Projeto “Novo” Ensino Médio/NEM, hoje entregue com descaso nas mãos das oligarquias no Congresso Nacional – “Mendoncinha” e outros – , é uma confirmação de uma proposta elitista que só valorizará as escolas privadas e confessionais, reproduzindo na Educação as desigualdades de etnia, gênero, sociais e etárias, além da Desigualdade urbano/rural e entre as diversas regiões do Brasil. Precisamos de um projeto nacional, amplo, includente, de qualidade e laico para a Educação brasileira. É uma exigência de justiça social e, também, uma exigência para a qualidade da Democracia no Brasil. É preciso descolonizar e deselitizar a Educação construindo um projeto brasileiro de Educação.

De fato devemos:

(1) reformar os currículos básicos em direção de ampliação de habilidades, desenvolvimento da sociabilidade e descoberta de vocações;

(2) tornar real o tempo integral em todas as escolas, com três refeições diárias, esportes, artes e assistência médica – o Brasil voltou a ser um país do mapa da fome;

(3) formar mais e melhor os professores, que devem ser professores de 40 horas numa só escola, e não professores “de matrículas” múltiplas;

(4) organizar um Plano de Cargos e Salários digno para os professores, com base no regime de 40 horas e DE , e amparar profissionais de artes, saúde, agronomia, informática, etc…. a serem habilitados como instrutores nas escolas de perfil específico, sob supervisão dos professores designados. Tudo sustentado por municípios e Estados, com subvenção federal onde necessário;

(5) transformar as escolas em ambientes convidativos, agradáveis e seguros para alunos , professores e todo o pessoal envolvido no processo educacional;

(6) manter as escolas abertas nos feriados e fins de semana para atuação de grupos de teatro , festivais de música, exposições de arte e esportes, protegendo crianças e adolescentes e fomentando talentos e vocações.

Para tudo isso devemos abandonar as ilusões do “Projeto de Sobralização” da Educação no Brasil. Não se trata de melhorar estatísticas. Queremos mudar a vida. Devemos, para isso, fazer avaliações por escolas, não por alunos, nas capacidades básicas de Ler, Escrever e Contar, investir no letramento “social” e informacional, entender o mundo digital como ferramenta geral de conhecimento e de habilitação, não como conteúdo específico. Não podemos aceitar a “ilusão estatística” que aponta a correspondência faixa etária / seriação como bastante e nem tão pouco o número de matrículas e a demanda demográfica. Devemos valorizar o Ensino Médio como fase de aprimoramento de conhecimentos e de primeiros passos da cidadania. Precisamos de avaliações de qualidade e autonomia , fora do universo de múltipla escolha. Nesse contexto, de ênfase em Ler, Escrever e Contar os conteúdos específicos da Educação Básica virão na forma de ferramentas, exercícios, visitas guiadas e laboratórios de criação, com muitos recursos ao audiovisual.

Ou fazemos já uma “Revolução Educacional” no Brasil ou seremos sempre um país das profundas desigualdades transversais – de tipo social, étnica, de gênero, região e idade. Só a Educação Crítica liberta do ódio, do preconceito e emancipa todxs numa nação próspera e justa.

Viva Darcy Ribeiro!

Viva Paulo Freire!

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