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Uma história de dívida comum na vida dos brasileiros

* Por Biel Souza, Educador Financeiro

Em 20/07/2020 às 17:43:52

Eu sei que você está ouvindo muitas coisas sobre dicas de finanças e sobre como administrar seu dinheiro. Mas hoje não vim aqui pra te dizer o que fazer com seu dinheiro. Hoje quero te falar sobre como essa crise me pegou desprevenido e como eu estou conseguindo contornar a situação de uma forma que mantém minha mente tranquila e longe das preocupações com dinheiro (que na minha opinião, só perde para preocupação com saúde).

Pra você entender o contexto, nem sempre fui educador financeiro (estou no segundo ano de profissão), e isso fez que ao longo da jornada eu desprezasse quase que completo a minha situação financeira. Não tive educação financeira dos meus pais ou escola. Alguns anos atrás, minha irmã fez uma dívida na faculdade que não pode pagar e eu não tinha o dinheiro na época para ajudá-la, e naquele momento eu estava vivendo sozinho, ajudando ela e também meus pais que na mesma época estavam morando em outro estado.

A solução que encontrei para aquela situação foi pegar um empréstimo no banco. Lembro que o empréstimo era com uma taxa de duzentos e poucos por cento ao ano. É exatamente que você leu. Quero que lembre que na época eu não tinha educação financeira nenhuma, para mim qualquer dinheiro que resolvesse meus problemas naquele momento era bem vindo. Peguei algo em torno de 14 mil com a promessa de pagar quase 30 mil. Muitos vão ler isso e falar que fui burro, mas a verdade é que era essa opção que conhecia e tinha disponível no momento. Será que você faria tão diferente? (conto outros detalhes no livro "A roda do dinheiro").

Depois de alguns meses, me enrolei em dívidas no cartão de crédito e cheque especial, e o banco me ofertou renegociar a dívida. Essa história você já sabe aonde vai né? Foi uma bola de neve. Com juros cada vez mais altos. Até que um dia surgiu a oportunidade de fazer um crédito consignado na empresa, nessa época já sabia um pouco sobre finanças. Contratei o consignado e paguei o crédito pessoal com o consignado. Essa foi a primeira boa estratégia, pois troquei uma taxa de mais de duzentos por cento ao ano para uma taxa de vinte por cento ao ano. Sim, minha nova taxa era apenas 10% da anterior.

De lá pra cá, me organizei para pagar as mensalidades e tudo estava indo bem. Até que recentemente me tornei pai. E lá foi meu planejamento por água abaixo. Como não sou casado com a mãe do meu filho, tive que ter dinheiro para advogado e outros gastos com meu filho e isso fez que eu pegasse um dinheiro com o banco para custear essas despesas, e me planejei para pagar essa dívida com o dinheiro das minhas férias, mas sabe o que ocorreu? Minhas férias foram canceladas por causa do COVID-19, e isso fez que eu fosse atrás de uma solução para a taxa abusiva do crédito pessoal.

Liguei para o banco para ver como estavam as taxas do consignado, descobri que a taxa tinha diminuído para algo em torno de 15% ao ano, e o que fiz foi simples. Contratei um novo consignado e quitei as outras duas dívidas que tinha. Uma notícia melhor ainda que tive é que o consignado não será cobrado até janeiro, o que vai me deixar com espaço para acumular um bom dinheiro para adiantar as parcelas e reduzir o pagamento de juros. Além disso, tenho estudado muito sobre formas eficazes de fazer o orçamento pessoal e descobri uma forma com conhecimentos próprios e adquiridos ao longo dos últimos meses, que me facilitou a planejar a conseguir quitar toda a dívida até meados do próximo ano.

Segue abaixo alguns dos insights que tive na minha jornada com dívidas.

Dicas de como lidar com as dívidas:

Saber o valor total

A primeira coisa a fazer se você tem uma ou mais dívidas é saber o tamanho dessa dívida. Sei que você sabe o quanto dinheiro pegou emprestado. Mas você sabe qual a taxa de juros que você paga, ou qual o valor total que você vai pagar se você levar as parcelas até o final?

É importante saber essas informações, pois uma vez munido com elas você tem o poder para procurar locais com taxas mais baixas ou renegociar o valor das parcelas diminuindo o tempo e a taxa de juros incidente (pois quanto mais tempo você fica com dinheiro mais juros paga).

Unir todas as dívidas em uma com a taxa mais baixa

Outra coisa importante que você pode fazer é procurar financeiras ou outros bancos que oferecem empréstimos com taxas menores do que você paga atualmente. Um dos empréstimos com taxas mais baixas que já vi foi o consignado. Verifique se sua empresa tem parceria com o seu banco. O consignado é uma boa forma de reduzir as taxas de juros e pegar até um valor a mais para o caso de você está precisando no momento

Altas parcelas ou longos prazos?

Sendo sincero com você, no atual momento que estamos vivendo aumentar o prazo é uma ótima estratégia para você conseguir ter um fôlego financeiro. Não adianta aumentar o valor da parcela para pagar mais rápido, se isso não te trouxer paz e saúde. Para muitas pessoas ter o fôlego nas finanças é a diferença entre dormir bem a noite e ter problemas de saúde por conta do estresse. Se você aumentar o prazo e sobrar dinheiro pode até antecipar as parcelas. Mas aumentar o valor das parcelas nesse momento vai te trazer inseguranças, pois imprevistos podem ocorrer.

Utilizar dinheiro extra para antecipar parcelas

Se você não quer passar os próximos 10 anos pagando sua dívida, uma boa estratégia é utilizar o dinheiro extra como Décimo terceiro, Férias, Restituição de imposto de renda, renda extra ou mais recentemente o saque do FGTS. Quando entrar uma grana que não é a comum do dia a dia, utilize-a para adiantar o pagamento da sua dívida. Assim você verá que em pouco tempo a dívida deixará de existir.

Aliás, que tal começar a fazer uma renda extra só para pagar a dívida mais rápido?

Fazer orçamento é questão de hábito

Orçamento é um planejamento financeiro. Muitas pessoas desistem de fazer seu orçamento, pois o que planejam quase sempre é diferente da realidade. Mas vou te fazer uma pergunta, já planejou seu dia? Saiu exatamente como você planejou?

“Ninguém planeja fracassar, fracassam por não planejar. “

Então, não desista de se planejar para o próximo mês, três meses ou até mesmo um ano. Planejamento existe para ser flexível e se adaptar as intercorrências da vida.

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