Por uma perspectiva de eficiência logística, a qualidade da roteirização é medida através do objetivo da empresa em relação à operação. Muitas vezes, o objetivo é a redução de custos de transporte, onde se busca aproveitar da melhor forma os recursos disponíveis. Esse custo se divide em 2 componentes: custo fixo e custo variável.
O custo fixo está diretamente ligado aos ativos utilizados para realizar a operação de transporte, enquanto o custo variável está relacionado à distância percorrida por esses ativos. Sendo assim, se o objetivo for reduzir custos, uma roteirização eficiente é aquela que minimiza o custo total de transporte.
Agora, pense que após toda essa avaliação do cenário e construção da roteirização, você provavelmente irá se deparar com uma grande quantidade de possibilidades de solução, resultado das combinações entre os clientes na formação das rotas. Então, como ter certeza de que está operando a melhor?
A única maneira de responder essa pergunta seria avaliando todas as possibilidades de combinações e escolher aquela que mais se aproxima do seu objetivo de otimização. Logo, o grande X da questão é que para a maioria dos problemas, a quantidade de soluções possíveis é extremamente grande, e avaliar todas elas é praticamente impossível.
Aplicando a um exemplo prático e real, consideramos um veículo que realiza entregas para um e-commerce, cuja média é de 30 pedidos por viagem. Faríamos o seguinte cálculo:
Ao analisar apenas termos de distância, para essa rota de 30 pontos teríamos mais de 4 nonilhões de possibilidades.
Haveria uma complexibilidade ainda maior se fossem incluídas mais restrições de operação e de atendimento aos clientes, como janela horária, por exemplo. Ou ainda, se fosse necessário distribuir as entregas entre vários veículos.
Como a tecnologia ajuda nesse caso?
A logística, assim como outras áreas, se beneficia da tecnologia quando a utiliza para aprimorar os processos tradicionais, reduzindo erros e desperdícios. Nos dias atuais, constantemente, novidades tecnológicas chegam para ficar, tomando o lugar de práticas ultrapassadas e ineficientes.
A principal contribuição da tecnologia para a logística, em especial para a roteirização, são os algoritmos.
Um algoritmo é um conjunto de passos sequenciais e lógicos que visam resolver um problema específico com objetivos bem definidos.
Algoritmos estão presentes em nosso dia a dia, mesmo sem serem percebidos. Aqui vai um exemplo:
Pense em uma rotina de atividades que otimiza o tempo que uma pessoa precisa para ir comprar pão na padaria. A ideia é que o objetivo seja alcançado de forma rápida e eficiente.
1 – Pegar a carteira;
2 – Sair de casa;
3 – Andar até a padaria mais próxima;
4 – Pedir a quantidade de pães desejada;
5 – Pagar o valor equivalente;
6 – Dirigir-se de volta para casa.
Claro que esse é um exemplo bem simples, mas o conceito aqui pode ser extrapolado para problemas complexos da mesma forma.
Conforme o input de informações, isto é, a quantidade de pontos a serem considerados, cresce, mais complexo vai se tornando o algoritmo, afinal ele deve verificar todas as situações possíveis e encontrar a que irá atingir da melhor forma o objetivo.
Justamente por isso os algoritmos estão ligados à computação, para que os problemas matemáticos complexos possam ser processados e resolvidos o mais rápido possível.
Acredite, ao abrir esse artigo, centenas de algoritmos foram executados em seu computador e na internet para que você tenha uma ótima experiência de leitura.
Mas, se um problema complexo é tão difícil de ser resolvido pela sua natureza combinatorial, o que garante que um algoritmo encontre a melhor solução?
Na verdade, não há garantia. Alguns problemas de roteirização são tão difíceis que levariam milhares de anos para que as soluções possíveis fossem processadas e comparadas, de forma a ter certeza absoluta da melhor solução.
O verdadeiro conforto que a tecnologia proporciona nesse caso é a capacidade de analisar uma quantidade extremamente maior de possibilidades de soluções para o problema em relação à capacidade humana.
Investimentos em tecnologia especializada
O ramo logístico sofreu por muitos anos com carência de investimentos em tecnologia especializada, mas esse panorama tem mudado com a vinda das famosas LogTechs: startups ligadas à logística, assim como as FinTechs, EdTechs, BioTechs, etc.
Graças a elas, hoje é possível encontrar serviços que auxiliam a gestão dos negócios de forma mais específica, entendendo os pontos importantes de acordo com as particularidades de cada setor. Como o TMS, Transportation Management System, que é focado na gestão de transportes. Ou o WMS, Warehouse Management System, que é focado na gestão de armazéns.
Essas startups utilizam ferramentas especializadas para avaliar diferentes soluções possíveis para o mesmo problema, e sugerir a melhor opção alinhada com o objetivo da empresa.
Uma das novidades que facilitam o uso das novas tecnologias é o SaaS (Software as a Service), um modelo de contratação onde o software é implementado como um serviço. Nele, toda a estrutura necessária para o funcionamento fica a cargo do fornecedor, e a utilização é feita via internet, pois o sistema fica hospedado na nuvem.
A possibilidade de acessar esse tipo de software de qualquer lugar é, de cara, uma grande vantagem. Pense na redução de custos com servidores e na gestão dessa infraestrutura. Além disso, a vantagem também está na facilidade que o gestor logístico tem em acessar as informações em tempo real, ação que influencia diretamente na tomada de decisões.
Os roteirizadores de frota mais modernos são exemplos de modelos de contratação SaaS, eficazes para planejar rotas menos custosas e, consequentemente, mais eficientes.
Em alguns casos, a utilização desse serviço trouxe uma diminuição de 20% da distância percorrida e aumento de 30% de serviços por equipe de transportes, além da baixa de 32% do retorno de problemas logísticos.
Uma multinacional apurou no ano passado, que desde 2016 obteve um retorno financeiro de R$ 3 milhões com a utilização de um sistema de roteirização e gestão de entregas em sua operação no Brasil.
Empresas que hoje utilizam softwares como serviço na logística aumentaram muito sua precisão ao analisar e resolver os problemas operacionais, já que lidar com um sistema diminui a taxa de erros de execução e/ou padronização de processos, sem contar em como os benefícios que toda essa facilidade e agilidade traz, refletem na satisfação dos clientes.
Definitivamente não há como fugir da modernidade que o mercado vem exigindo ao longo dos anos. É crucial que os gestores de logística conheçam todo o potencial de transformação que as LogTechs possuem. Esse conhecimento realmente fará diferença no futuro de nossas empresas.