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Pobreza Menstrual e o impacto ambiental do uso de absorventes higiênicos

Por Bárbara Motta, Educadora e Bióloga

Em 16/10/2021 às 18:13:34

Pauta recente votada no congresso e vetada pelo atual presidente, a distribuição de absorventes descartáveis em escolas, sistemas penitenciários e pelo SUS, está sendo debatida também nas esferas estaduais e municipais. Alguns estados, como o Rio de Janeiro, passarão a distribuir esse item de higiene pessoal nas escolas públicas estaduais (Lei 9.404/21).

Essas medidas são extremamente relevantes para o combate à “Pobreza Menstrual” e garantir às mulheres em estado de vulnerabilidade social o acesso aos itens básicos de higiene pessoal necessários durante o período menstrual. (Querendo saber mais sobre esse assunto, sugiro dar uma conferida na coluna “Coisas de Mulher”, da nossa empoderadora preferida, Wal Souza).

Mas, e o meio ambiente? Os absorventes higiênicos descartáveis, sejam de uso externo ou interno, possuem em sua composição produtos derivados da extração de árvores, como a celulose por exemplo, e polímeros derivados do petróleo. Essa combinação faz com que esses produtos apresentem, durante o seu processo de produção, uma elevada pegada ambiental, além de serem materiais que levam décadas para se decomporem.

O impacto ambiental é maior devido à quantidade desses itens utilizados e a forma como são descartáveis. Segundo o site Ecycle, "estima-se que a mulher faz uso de cerca de dez absorventes descartáveis em cada ciclo menstrual, e de dez mil a 15 mil da puberdade até a menopausa. Como no Brasil não existe reciclagem para esse tipo de resíduo, esses absorventes acabam indo parar em lixões e aterros sanitários, causando um problema ambiental". Alguns países, como o Canadá e a Nova Zelândia, estudam alternativas para reciclar esse material, porém essa tecnologia ainda não se encontra disponível no Brasil.

As principais alternativas apresentadas para a diminuição ou substituição do uso dos tradicionais absorventes higiênicos descartáveis são os absorventes ecológicos (são feitos de pano, laváveis e geram renda para artesãs), as calcinhas absorventes, os coletores menstruais (apelidados de “copinho”) e os absorventes biodegradáveis (utilizam 100% de algodão biodegradável!). O que eles têm em comum, além de serem “eco friendly”? Com exceção do primeiro item citado, todos possuem um preço acima da média dos tradicionais absorventes descartáveis, ou seja, não são acessíveis a grande parte da população.

Na próxima coluna, falaremos sobre cada uma dessas alternativas com mais calma. A proposta desse texto é refletir sobre a urgência do momento: permitir que uma maior quantidade de adolescentes e mulheres tenham dignidade menstrual. Nessa primeira etapa, a opção de fornecer gratuitamente absorventes higiênicos descartáveis apresenta-se como a mais rápida e viável. Nada impede que, futuramente, após essa conquista consolidada, consigamos reverter essa situação em prol do meio ambiente. O planeta agradece!

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