Estar vivo é um desafio e tanto. Lutamos contra nossas aflições, contra inimigos declarados, contra a maldade disfarçada e aquela coisa terrível. No meio disso tudo há guerra política, questões ambientais e um sistema opressor numa crescente interminável. Mas quem liga? Estamos travando batalhas pessoais a todo tempo e ainda precisamos ser gentis com quem cruza o nosso caminho. Estar vivo é um desafio. E tanto!
Nos desapontamos com aqueles que jurávamos conhecer e descobrimos não ser nada daquilo. Nos surpreendemos com idas e vindas. Perdemos tempo em lugares e em pessoas que já não têm mais nada a acrescentar. E insistimos nelas. Aprendemos a nos curar de traições em suas mais variáveis camadas. Respiramos o vírus das relações tóxicas e estamos sujeitos ao câncer da nossa própria frieza. Saboreamos o veneno da mágoa por pura vaidade. E ainda temos a petulância de achar isso tudo muito bacana.
Eu não saberia dizer de quantas maneiras alguém pode ferir a gente, mas fato é: pessoas falham e nós somos pessoas. Requer muita maturidade assumir que somos seres errantes, isso faz parte dos resquícios do existir, até mesmo porque o que a gente faz com o que fazem com a gente é de nossa responsabilidade sim, mas vale lembrar que também somos responsáveis pelo o que provocamos no outro. Nossas ações, nossos pesos.
Nos decepcionamos porque acreditamos de mais? Nos machucamos porque nos arriscamos de mais? Sofremos porque amamos de mais? Agora me diga, vale a pena viver de menos? A inércia não me parece uma boa posição. O percurso, sim.
Vejo a dor como combustível para nos reinventarmos, recomeçarmos, catarmos os nossos caquinhos e reformularmos o que sobrou de nós. E quer saber? Transformar tudo isso na nossa melhor versão é a maior prova de amor que podemos nos dar. Renascemos após o pior dia de nossas vidas. Sorrimos de novo um tempo depois daquela noite trágica. Sobrevivemos ao luto. Nós continuamos. Que outra escolha temos? Nos ofertarmos uma segunda, terceira, quarta chance é o que nos mantém vivos. Autopiedade? Não, empatia.
O único amor que não pode acabar é o próprio, mas verifique, vez ou outra, se a singularidade desse destino é uma causa ou uma consequência das suas próprias escolhas.
O exílio pela intrínseca triagem configura àquela coisa terrível.
Até o próximo texto!
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