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Viajantes da própria expectativa

Menina Aleatória, Por Anna Domingues, Escritora

Em 21/04/2025 às 11:29:08
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Há um charme irresistível na espera, não é à toa que a vida tem esse jeito de nos ensinar a aguardar, seja por um feriado, por uma notícia ou até por uma viagem. Às vezes, parece que o real prazer de viver está justamente nessa expectativa, na contagem dos dias que antecedem aquilo que prometemos a nós mesmos ser o grande acontecimento. E, no fim das contas, o acontecimento muitas vezes é apenas uma nota de rodapé no diário de nossa rotina.

Quando o feriado se aproxima, por exemplo, a mente começa a trabalhar de uma maneira quase mágica. A gente se imagina já no descanso, nas ruas vazias, nos cafés desocupados, nas tardes sem pressa. Pensar no que vamos fazer, nas coisas boas que vamos deixar para trás, nas pequenas fugas do dia a dia, é tão delicioso quanto o próprio momento em que ele finalmente chega. É como se a própria ideia do feriado já fosse mais importante do que o feriado em si.

E o que se espera, na verdade, não é a praia, o descanso ou os passeios. O que se espera é o sabor do "não fazer nada", o alívio das cobranças, o ato de desativar o despertador. Mas, e se o feriado chegar e tudo que a gente encontrar for uma rotina desinteressante em um novo cenário? Isso acontece. Porque, no fundo, o que faz o feriado ser tão gostoso é a ideia que criamos dele. E a expectativa é sempre mais potente, mais mágica, mais libertadora.

A chegada é apenas um pedaço do caminho. O resto é a jornada, a doce ilusão da promessa. O que nos move, o que nos alimenta, é o desejo de algo que ainda não aconteceu. Essa antecipação nos faz sentir vivos, nos coloca no estado de quem já está saboreando o melhor pedaço da sobremesa antes de sequer tocá-la.

Isso acontece também nas pequenas alegrias cotidianas. Quem nunca passou a semana contando os minutos para um encontro com amigos e, ao chegar no momento, se deu conta de que, na verdade, a graça estava em toda a antecipação? O plano de onde ir, o que comer, os detalhes que foram conversados horas antes, as promessas de risadas futuras... Tudo isso tinha um sabor único que o momento real não foi capaz de recriar. Não que o momento tenha sido ruim, mas o ponto é que, por mais simples que seja, é a expectativa que nos dá a sensação de que estamos em movimento, que estamos nos aproximando de algo bom.

É por isso que, de vez em quando, eu me pego refletindo sobre o quanto estamos imersos nessa ideia de chegada. A gente vive para chegar a algum lugar, conquistar algo, ter uma resposta. Mas a verdade é que, no fim, o que mais nos motiva não é o destino, mas o caminho. É a viagem antes de embarcar, o último pedaço da sobremesa que a gente reserva para o final, o momento anterior ao grande evento que a gente fica imaginando. Porque é no desejo que mora o verdadeiro prazer da experiência.

No fim das contas, quem somos nós, senão viajantes da própria expectativa?

Até o próximo texto!

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