A organização do espaço em que convivemos ou trabalhamos diz muito sobre nós, sobre nossa personalidade e nossa saúde mental. Uma casa ou um ambiente de trabalho sujos, cheio de coisas acumuladas, desarrumadas não nos remetem a energias positivas. Pelo contrário, o ambiente em desordem atrapalha e estagna, tornando o local pesado, afetando todas as relações dos indivíduos que ali frequentam e denunciando que há algo errado com o emocional de quem frequenta ou vive em locais com estas características.
A Psicanálise e a Psicologia concordam que sua casa é você, assim como sua casa, você é. Ou seja, quanto mais desequilibrado é o ambiente externo, mais ele denuncia a bagunça interna do ser humano. Isto se dá porque o nosso lar é o reflexo da nossa vida e de nós, e isso implica em tudo: físico, espiritual, sentimental, laboral, social e familiar. Quando existe a desordem, seja aparente e bem visível ao primeiro olhar, ou mesmo, apenas uma bagunça dentro de gavetas e armários, as chances de se estar sofrendo com estresse, fobias, depressão e confusão mental, é muito grande. A harmonia do ambiente é primordial para atenuar o estresse e a ansiedade interna, contribuindo para um melhor fluxo de energia.
Os lixos escondidos e acumulados em gavetas, por exemplo, assim como as roupas bagunçadas e acumuladas no armário, denunciam a procrastinação. O lixo pode ser retirado depois, as roupas organizadas em outro momento. Tudo pode ser feito depois, amanhã. E assim é a forma como o indivíduo conduz sua vida cotidiana: negligenciando suas emoções e sendo incapaz de tomar decisões e fazer escolhas no momento certo. Por outro lado, pensando na mesa de trabalho, o acúmulo de papéis, canetas e livros pode refletir uma mente mais criativa. A pessoa que convive em um ambiente assim pode ter uma personalidade intensa e com muita sagacidade e vontade de realizar várias atividades ao mesmo tempo. Inclusive, está sempre em movimento. Mas corre um sério risco de ser bastante ansioso, imaturo e impulsivo.
Porém, não pense que apenas a bagunça, o acúmulo de coisas e a desorganização evidenciam problemas relacionados à saúde mental. A limpeza exagerada e a atenção excessiva para a arrumação também podem apontar para questões da mente relacionadas à compulsão por limpeza, transtornos obsessivos compulsivos (TOC), transtornos de déficit de atenção por hiperatividade (TDAH), neuroses, ansiedade generalizada ou depressão. Em muitos casos, o indivíduo busca, na higienização em excesso, a distração para eliminar da mente pensamentos intrusivos e desagradáveis ou a fobia intensa de germes e bactérias. Por fim, mais uma vez, as questões aqui apresentadas nos remetem aos excessos do ser humano. Todo excesso reflete uma falta: organização e limpeza ou desordem e sujeira demais demonstram o desequilíbrio psíquico que a pessoa pode estar sofrendo. Nestes casos, é preciso simplificar a vida e manter o que realmente vale a pena, se livrar dos acúmulos, manter-se em ambiente limpo e organizado, sem sofrer, mas ordenando seu espaço externo e interno para se sentir mais eficaz e leve.
Enfim, fica evidente que o íntimo se reflete no espaço físico ao qual estamos inseridos. É importante buscar ajuda de um acompanhamento profissional adequado para reconhecer possíveis gatilhos e corrigir os excessos. O objetivo é aliviar os pesos mentais que aprisionam o indivíduo refletindo o adoecimento da mente humana através de hábitos mais saudáveis que amenizam o estresse e a ansiedade.