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“Peeling de Fenol”: busca pela juventude da pele e os impactos emocionais

Saúde Mental e Bem-Estar, Por Andréa Ladislau, Psicanalista

Em 31/01/2024 às 07:41:54

A promessa do Peeling de Fenol é remover as células mortas e rejuvenescer a pele, tornando-a mais fina, lisa, uniforme e sem flacidez, através do crescimento de novas células. Um procedimento que requer muitos cuidados e acompanhamento, pois o ácido fenol é uma substância tóxica que atinge camadas dérmicas muito profundas. Pode atingir e prejudicar o funcionamento de sistemas vitais, como as partes cardíaca, hepática e nefrológica. A face fica em estado de carne viva resultante da vermelhidão, descamação intensa, inchaço e sensação de queimação, com uma recuperação que requer muitos cuidados. Mas o que leva as pessoas a se arriscarem passar por estes procedimentos mais agressivos, em prol da beleza e estética perfeita?

No caso do Peeling de Fenol, nos primeiros dias da aplicação, a pessoa fica irreconhecível, com aspectos semelhantes a queimaduras de 3º grau no rosto. Além das possíveis dores, quais são os impactos e motivações psicológicas de quem se dispõe a se expor a um processo tão doloroso?

Sem dúvida, a resposta está na maximização do belo e perfeito, propagada pelas mídias e que ganha apoio em potencial, popularizando-se com a utilização exagerada de diversos métodos ou receitas que evidenciam uma necessidade em apresentar uma aparência, distante da realidade, marcada por medidas corporais e simétricas perfeitas para impressionar e se sentir bem. De uma certa forma, percebemos a perseguição desenfreada por uma imagem que renegue sua aparência, dentro de uma falsa realidade, promovida por um engano estabelecido, sem qualquer cuidado com a saúde do corpo ou da mente.

Sem dúvida, esse desejo quase irracional por perfeição afeta o bem-estar e o psicológico do indivíduo, que vive a partir de uma realidade corporal distorcida, alimentada através da insatisfação com sua aparência, uma tendência de baixa autoestima e possível depressão, desconstruindo o real, atendendo aos apelos de uma sociedade que cultua o belo e promove uma extrema exposição do ser humano, potencializando o desejo e a vontade em pertencer ao grupo dos belos e perfeitos, classificados por rótulos, em contraponto à busca de expressão de sua própria individualidade que, na maior parte das vezes, justifica-se por um sentimento de insuficiência e competição.

Podemos afirmar, portanto, que existe aí uma real necessidade de afirmação da imagem que queremos que o outro tenha de nós. E, lógico, na contramão, o corajoso é aquele que se expõe de cara lavada, assumindo suas rugas ou marcas de expressão, sem qualquer abuso de efeitos ou substâncias que coloquem em risco sua vida.

Enfim, indague-se: “Porque não me aceito como sou?” É preciso tomar cuidado com estes excessos e aprender a respeitar os limites sem colocar a saúde em risco. Segurança em primeiro lugar. Devemos fugir da imposição neurótica de uma vida de aparências, pois o ser humano não morre quando o coração para de bater, ele morre quando deixa de se sentir e se perceber de verdade. A terapia pode auxiliar nesta busca, além dos exercícios físicos e autoconsciência em ser menos exigente consigo mesmo. Seu corpo e sua mente agradecem.



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