Apego – somos escravos de tudo que não conseguimos abrir mão

“Somos escravos daquilo que não conseguimos abrir mão”, essa frase é impactante e está diretamente relacionada ao apego, do ponto de vista da saúde mental. O apego seguro é uma condição que gera, inconscientemente, a ideia de bem estar e segurança emocional. Porém, quando o apego se torna excessivo, seja por questões materiais ou emocionais, a tendência é que se instale um desequilíbrio que, como consequência, pode trazer essa sensação de escravidão. Ou mesmo, a ideia da dependência emocional, que aprisiona e desregula a saúde mental.

É muito comum, entendermos o apego apenas como um mau hábito ou um vício de pensamento ou comportamento. No entanto, é bem mais que isso, principalmente, quando entramos na seara dos relacionamentos. Estar preso em uma relação tóxica que faz mal e não se consegue sair, caracteriza a escravidão mental provocada pela fixação que o apego produz. E porque, apesar de ser destrutivo, nos mantemos apegados a pessoas más ou a situações estressantes? Em grande parte das situações, isso acontece por falta de amor próprio, dificuldade em se valorizar, carência afetiva e infantil, baixa autoestima e complexo de inferioridade. Pode ser também uma necessidade, intrínseca, de validação e insegurança pessoal. E não estamos falando apenas de relações amorosas. Vale para relações familiares, de amizade e de trabalho.

E de quem seria a responsabilidade por tudo isso? Da própria pessoa que se permite ser escravizada pelo apego. Isso não é um problema dos outros. A falta de autoconhecimento e de um olhar mais crítico para o íntimo, de forma a reconhecer falhas, gatilhos e traumas, impede o processamento cognitivo adequado que fortalece o desejo de liberdade. Além da ineficiência do gerenciamento emocional que tem como função, facilitar e nomear os sentimentos e emoções, para que sejam feitas escolhas mais assertivas, considerando os valores pessoais.

O apego irracional traz enraizado consequências desastrosas para o indivíduo. Seja pelo desequilíbrio mental que pode provocar estresse intenso, ansiedade generalizada, sintomas relacionados a dependência emocional, propensão a se deixar manipular, insônia, desregulação alimentar, alteração de humor, irritabilidade excessiva, ou até mesmo episódios depressivos, que se não tratados a tempo, podem ser irreversíveis.

Estabelecer limites claros e saudáveis, bem como se permitir explorar as inseguranças e as respostas adequadas para desenvolver habilidades de enfrentamento ao “apego seguro”, é crucial para compreender quais as reais necessidades do indivíduo. Visto que, atualmente, são muitos os atrativos para se apegar. Por exemplo: temos o apego às redes sociais; apego aos vícios; apego a jogos de azar; apego a medicamentos em excesso, apego a bebidas e tabaco; ou seja, apegos que são verdadeiros vícios que escravizam e destroem a saúde mental.

Enfim, saber classificar qual o seu maior apego e por que é tão difícil libertar-se dele, é fundamental para que se consiga abrir mão de tudo que não acrescenta, só assim poderá ser livre de verdade, sentir-se em paz e equilibrado, física e emocionalmente. Claro que não é tão simples, a terapia pode ajudar nessa construção, mas para isso é preciso estar consciente de que a escravidão emocional é uma das piores castrações que o ser humano pode vir a sofrer.