Intercâmbio em Ciência carece de crédito e abrigo

Falta de incentivo e financiamento, assim como escassez de moradia para estudantes e pesquisadores estrangeiros, foram os principais assuntos abordados durante a audiência pública 'Cooperação Científica Internacional', realizada na terça-feira (22/10), pelas Comissões de Economia e Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Auditório Nelson Carneiro, no prédio anexo ao Palácio Tiradentes. Representantes de instituições nacionais e internacionais debateram sobre as perspectivas para as universidades que têm como base as pesquisas científicas no Estado, além da ampliação das interlocuções com instituições estrangeiras, institutos de pesquisa internacionais e agências de fomento à ciência de perfil internacional.

"É cada vez mais necessário pensar em trazer alunos para o Rio de Janeiro. Conheci muitas pessoas interessadas em estudar no Brasil quando estudei fora do país e precisamos pensar em como fazer isso ser possível. É muito importante todos nós termos o entendimento de cidadãos globais, de estarmos conectados. Essa cooperação científica deveria ser uma grande missão", destacou Renan Ferreirinha (PSB), presidente da Comissão de Economia da Alerj.

Presente na audiência pública, Cristina Mussi, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), afirmou que ao participar de feiras e congressos sobre inovação e tecnologia em várias partes do mundo pode constatar o grande interesse de estudantes estrangeiros de ingressarem em universidades brasileiras, observando que eles enfrentam dificuldades para que isso aconteça. "Muitos querem vir estudar aqui, mas evitam principalmente o Rio de Janeiros por causa da insegurança. Além disso, há falta de disponibilidade de acomodação para esses alunos e pesquisadores", disse Cristina.

Apesar dos problemas levantados durante a reunião, o diretor da Columbia University,Thomas Trebat, comentou que os profissionais da instituição não medem esforços quando se trata da ampliação e da melhoria da pesquisa científica no Estado. "Nosso objetivo é criar polos de investigação em ciência, tecnologia e inovação, mas sabemos que falta incentivo para isso. Apesar dos problemas nossos professores estão sempre participando de programas e editais em universidades como a Uerj, por exemplo", destacou o diretor da instituição americana, que tem uma filial em funcionamento no centro da cidade do Rio.

O deputado Waldeck Carneiro (PT), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa, propôs a elaboração de um projeto de lei para incentivar famílias a acolherem estudantes de fora do país. Ele ainda mencionou a possibilidade de procurar a empresa responsável pela reconstrução do antigo Hotel Novo Mundo, no Flamengo, Zona Sul do Rio. O local tem espaço para acomodar cerca de 400 pesquisadores e estudantes estrangeiros. "Esse hotel foi comprado por uma empresa focada em moradia estudantil. Temos que pensar se há margem para que a Alerj assuma uma cota dessas vagas quando o prédio for aberto e estiver funcionando. A ideia é que pelo menos 10% dessas cotas sejam distribuídas entre instituições científicas", frisou o parlamentar. Também estiveram presentes representantes da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), do Instituto Federal Fluminense (IFF), e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).