Trem do Samba não vai partir da estação esse ano no Rio

O cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, organizador do Trem do Samba anunciou, nesta quinta (28), que esse ano não haverá o tradicional evento no Rio. Segundo Marquinhos, a falta de um patrocinador seria o motivo para que o famoso trem, que partia há 23 anos da Central do Brasil para Oswaldo Cruz, não saia da estação. O compositor desabafou em uma rede social sobre o cancelamento do evento.

“Em 2006, na décima primeira edição do Trem do Samba, precisei muito da amizade do meu pai para que o Trem acontecesse. Isso era antevéspera do Dia Nacional do Samba. No dia seguinte, meu pai faleceu, e quando encontrei com meu irmão que acompanhou seus últimos momentos, soube por ele que a única preocupação do meu pai era que eu não deixasse de fazer a festa, acontecesse o que acontecesse. Naquele ano, saí do enterro direto para o palco. Hoje, venho dizer com muita dor que não teremos o nosso Trem do Samba esse ano. Trem do Samba que, recriando a viagem de resistência de Paulo da Portela, que burlava a repressão policial na década de 20, fez o Brasil comemorar o Dia Nacional do Samba. No tempo que o Rio era cidade partida, o brilhante jornalista João Pimentel disse “Trem do Samba, o único dia que a cidade se encontra e levanta a autoestima do subúrbio, dando mais de 1500 empregos diretos e levando mais de 100 mil pessoas, etc, etc e etc.” Lembrando um velho samba meu e de Luiz Carlos Maximo “envergo mas não quebro”. Salve o Samba! Paz e Bem a todos!", disse Marquinhos.

O Trem do Samba foi incluído no calendário oficial da cidade na gestão do ex-prefeito Luiz Paulo Conde em 1999. No ano de 2017, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, retirou o apoio ao evento, e o idealizador passou a ter patrocinadores privados. O custo para a realização dessa edição seria de aproximadamente R$ 700 mil.

O vereador Tarcísio Motta (PSOL), que preside a comissão especial e irá conceder a medalha Pedro Ernesto ao Trem do Samba na comemoração do Dia Nacional do Samba, comentou sobre a importância do evento para a cidade.

“É uma festa que revive os primeiros momentos do samba e sua intensa relação com a cidade evidencia a força do gênero e do subúrbio carioca”, diz Tarcísio Motta.

O portal Eu Rio entrou em contato com a Prefeitura do Rio e com a Supervia para saber o posicionamento de ambas sobre o cancelamento do 24º Trem do Samba.

A Supervia, em nota, disse que “lamenta o cancelamento da edição do Trem do Samba de 2019, tradicional evento carioca, que há anos era realizado em comemoração ao Dia Nacional do Samba, sempre no mês de dezembro e que se colocou à disposição para receber a celebração, como de costume, e que a decisão de não realizar esta edição coube exclusivamente aos organizadores”.

A Prefeitura do Rio não se manifestou até o fechamento dessa matéria.

Sambistas pretendem protestar cantando e sambando nos trens no Dia do Samba

Um grupo de sambistas está marcando para o dia 7 de dezembro, quando se comemora o aniversário do Samba, um encontro chamado “Dia Do Samba No Gogó E Na Raça”. Os organizadores pretendem sair da Central do Brasil às 16h, cantando sambas sem instrumentos, até a estação Oswaldo Cruz, para protestar contra a falta de apoio ao Trem do Samba.

O evento está sendo divulgado nas redes sociais e já tem 239 pessoas confirmadas.

Na mensagem, os cariocas são convocados para participarem do evento: “Sambistas de todo mundo, uni-vos! Vamos fazer nosso dia do samba, no gogó e na raça! Central do Brasil, a partir das 16h. Pegaremos o trem para Oswaldo Cruz e lá faremos nossa batucada! Convidem geral, espalhem! Enquanto se luta, se samba também! Salve as nossas origens! O samba resiste!”