Carlos Alberto Moura Marinho, dono da Whiskeria 4x4, onde um incêndio vitimou quatro bombeiros no mês de outubro, foi conduzido à delegacia após oitiva realizada nesta sexta-feira (13/12), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ele recebeu voz de prisão do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura incêndios no estado, deputado Alexandre Knoploch (PSL), após entrar em contradição sobre o uso do espaço e as certificações que a casa possuía. Marinho foi liberado após assinar um termo na 5ª DP se comprometendo a retificar seu depoimento.
Knoploch argumentou que Carlos Marinho se contradisse por diversas vezes durante depoimento e que a Whiskeria estava com a documentação irregular. “De acordo com o artigo 342 do código penal, como testemunha, ele jurou falar a verdade, mas faltou com a verdade em vários momentos da oitiva. O falso testemunho infringiu o artigo penal”, disse o parlamentar. "Ele fez um termo se comprometendo em retornar à Alerj na próxima oitiva se retratando. Diante disso temos um acordo que extingue o processo", completou Knoploch
Vice-presidente da CPI, o deputado Rodrigo Amorim (PSL) destacou que a ação mostra a seriedade do trabalho que vem sendo feito. Ele lembrou que na última sexta-feira (06/12) chegou a ser aprovada a condução coercitiva do diretor do Hospital Badim, onde aconteceu um incêndio em novembro. "A grande lição que fica é que a CPI é séria, mostra a importância de tratar esse tema que busca salvar vidas", afirmou.
Contradição
Durante a oitiva, o proprietário da Whiskeria afirmou que utilizava os quatro pavimentos do estabelecimento como danceteria, quando a licença só permitia um, e admitiu que 16 quartos eram utilizados por massagistas autônomas e ainda por garotas contratadas por frequentadores para realizarem programas. Carlos chegou a dizer que não cobrava pelos quartos, mas depois afirmou que havia cobrança.
“Vamos levantar todos os documentos pedidos pela CPI e vamos encaminhá-los ao relator, deputado Jorge Felippe Neto (PSD). Continuaremos com as oitivas e as fiscalizações externas até o final do ano. Há inúmeros indícios documentais irregulares e a testemunha entrou em contradição várias vezes. Tudo que era possível foi infringido, e por isso aconteceu essa tragédia”, explicou Knoploch.
O subchefe operacional do corpo de bombeiros, coronel Sarmento, afirmou que local chegou a ser interditado em 2013 por critérios de perigo iminente. "O local não tinha certificado de registro desde 2010 e tinha um alvará que dava autorização para boate funcionar em apenas um pavimento", contou Sarmento. Segundo o coronel, no dia da ocorrência os bombeiros envolvidos no combate às chamas estavam com máscaras com boas condições de uso.
Início das chamas
Segundo José Duarte, delegado titular da 1ª DP (Praça Mauá), falta a conclusão do laudo pericial para a conclusão do inquérito, que ouviu sete funcionários. "O local não estava em funcionamento no momento do início das chamas porque isso começou por volta de onze da manhã e a casa só abria as três da tarde para o público. O incêndio partiu do quarto andar onde havia um depósito com material de limpeza. Uma funcionária identificada como Edna, se deparou com fumaça saindo de uma caixa”, explicou o delegado. Ele acrescentou ainda que duas das quatro vítimas fatais foram encontradas com os aparelhos conectados no rosto.
Já a médica legista e diretora do Instituto Médico Legal (IML), Gabriela Graça, afirmou na reunião que a causa da morte dos bombeiros que atuaram no combate ao incêndio da whiskeria foi queimadura de vias aéreas e intoxicação por monóxido de carbono. No entanto o laudo do IML ainda não foi concluído porque foi solicitado um exame específico que verifica a presença de cianeto no sangue das vítimas fatais. Segundo ela o resultado ainda não foi disponibilizado e a presença do cianeto vai esclarecer se o socorro foi prestado de forma correta aos bombeiros.
Os deputados Jorge Felippe Neto (PSD) e Bruno Dauaire (PRP) também participaram da reunião
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