Após utilizar as redes oficiais da Secretaria Especial da Cultura ao reproduzir os pensamentos de Joseph Goebbels - chefe da comunicação de Adolf Hitler -, o secretário da pasta, Roberto Alvim, foi demitido nesta sexta (17) pelo Presidente Jair Bolsonaro.
Na noite da última quinta-feira (16), Alvim, fez um pronunciamento anunciando o lançamento do Prêmio Nacional das Artes. Após o discurso, o vídeo acabou chamando a atenção das redes sociais por similar de forma parcial o pensamento nazismo.
Nas primeiras horas desta sexta-feira (17), as hashtag's #NAZISTA, #Goebbels e #RobertoAlvim estavam entre os assuntos mais comentados do trendings topics do Twitter. Anônimos e figuras públicas desaprovaram a ideia de cultura proposta pelo secretário de Bolsonaro.
Em publicação no twitter, o agora ex-secretário disse: "tendo em vista o imenso mal-estar causado por esse lamentável episódio, coloquei imediatamente meu cargo à disposição do presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de protegê-lo", escreveu Alvim.
O vídeo
Sentado em seu gabinete e tendo de fundo a imagem do presidente Bolsonaro e uma bandeira do Brasil e como som de fundo a música de Richard Wagner - compositor alemão que escreveu ensaios nacionalistas e antissemitas -, Alvim entoou frases que se assemelham muito ao pensamento nazista. Faça agora comparação dos discursos.
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada." - Roberto Alvim
"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada." - Joseph Goebbels
Não é a primeira...
Não é a primeira vez que Roberto Alvim se envolve em polêmicas. No ano passado, ele atacou a atriz Fernanda Montenegro depois que ela participou de um ensaio fotográfico. Na época, Alvim disse que as fotos de Fernanda para a revista "Cinco em Um" não passavam de uma canalhice abissal. Apesar de bastante criticado, ele se manteve no governo e disse que só entregaria o cargo se fosse "morto".
Confederação Isaraelita do Brasil
A Confederação Israelita do Brasil também soltou uma nota oficial sobre a questão:
"A Conib (Confederação Israelita do Brasil) considera inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim.
Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida. Goebbels foi um dos principais líderes do regime nazista, que empregou a propaganda e a cultura para deturpar corações e mentes dos alemães e dos aliados nazistas a ponto de cometerem o Holocausto, o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa, entre tantas outras vítimas.
O Brasil, que enviou bravos soldados para combater o nazismo em solo europeu, não merece isso. Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastado do cargo imediatamente."
Palácio do Planalto confirma
O Palácio do Planalto confirmou em nota enviada à imprensa nesta 6ª feira (17.jan.2020) a demissão do secretário de Cultura, Roberto Alvim. Segue o texto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro:
"- Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência.
- Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas.
- Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum.
Presidente Jair Bolsonaro"