A população fluminense está passando por maus bocados há mais de três meses com a crise sanitária causada pela Covid-19. Um dos grupos que tem mais sofrido são dos indígenas, minoria que passa por ataques há 520 anos, desde que os portugueses chegaram à terra brasilis. Eles, atualmente, passam por mais um desafio em suas trajetórias.
No Estado do Rio de Janeiro existem oito aldeias em três municípios (Maricá, Angra dos Reis e Paraty). De acordo com o ultimo Censo do IBGE (2010), cerca de 15 mil indígenas (sobre)vivem no Estado do Rio. Este contingente é formado por populações originárias das antigas aldeias e por pessoas de diversas etnias que se autodeclaram indígenas, residindo no contexto urbano.
Caciques internados em Angra dos Reis
Em relatos em redes sociais, o cacique Domingos, da Aldeia Guarani Sapukai, de Angra dos Reis, informou que está internado com a Covid-19. Em nota, a Prefeitura de Angra dos Reis ressaltou que o indígena está internado desde a ultima terça-feira (23). Após o convencimento por profissionais da Saúde do município, ele está sendo tratado no Centro de Referência da Covid-19, onde está internado no CTI.
Além disso, o vice-cacique Aldo Fernandes também necessitou de internação. Ele, que já era monitorado por apresentar comorbidades e também conviver com outros índios que tiveram contato com o coronavírus, havia testado negativo para a doença. Porém, apresentou febre, prostração e dor toráxica numa visita da equipe médica e foi removido imediatamente para o Centro de Referência Covid-19.
Em Maricá, a prefeitura ressaltou que nenhum indígena foi contaminado com a doença e que realiza testagem frequente em todos os indígenas e que a visitações às aldeias estão proibidas.
Já a prefeitura de Paraty não se manifestou sobre o assunto.
38 Indígenas de Angra estão contaminados. Foto: Edmar Tavares
Sem óbitos
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) ressaltou que, desde o início da pandemia, foram notificados 41 casos de Covid-19 em índios aldeados no estado do Rio de Janeiro, sendo três em Paraty e 38 em Angra dos Reis. Não há registro de óbitos.
A Fundação Nacional de Apoio ao Índio (Funai) informou que tem reforçado as ações de prevenção ao contágio da Covid-19 entre a população indígena no estado do Rio de janeiro. O trabalho é realizado em conjunto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Secretarias de Saúde e órgãos locais.
A atuação da Funai tem sido no sentido de promover a permanência dos indígenas nas aldeias durante a pandemia de covid-19. Para isso, vem trabalhando para garantir a segurança alimentar das comunidades em situação de vulnerabilidade social por meio da distribuição de cestas básicas.
O acesso às aldeias foi proibido e limitado a ações emergenciais e estritamente necessárias à manutenção de condições sustentáveis da população, como o fornecimento de cestas de alimentos e kit’s de higiene e limpeza.
Mesmo na realização de ações essenciais são respeitadas as medidas de higienização do material a ser distribuído, assim como das pessoas que farão a distribuição, bem como respeitados os limites de distanciamento seguro para evitar o contágio.
Funai atua
Para isso, a Funai enviou Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos servidores que seguem em contato com as aldeias, o que inclui máscaras, luvas, toucas e óculos de proteção.
A recomendação principal repassada pela fundação aos indígenas é que permaneçam nas suas aldeias e só saiam em casos emergenciais. Caso precisem ir até a cidade, se organizem para que seja pequeno o número de pessoas a se deslocarem.