"A configuração familiar mudou, mas ser pai continua sendo preparar um novo cidadão para a vida, com respeito, limites e muito afeto", afirma a doutora em Psicologia, Vannessa Resende. A informação ao homem de que será pai pela primeira vez, desperta nele os mais variados sentimentos que vão desde a euforia e a alegria incontida, ao medo diante da grande responsabilidade, e muitos fogem. Conseguir passar proteção, segurança, e preparar um ser, desde pequeno, para enfrentar com força e sabedoria os obstáculos da vida depende muito de como lidamos com a própria vida.
Estudo do Ministério da Saúde revela que, em 2016, 63% das mulheres que tiveram filhos no estado do Rio de Janeiro, declararam solteiras. Segundo a Dra. Vannessa Resende, muitas vezes falta ao adulto estrutura emocional para conseguir superar o que é apresentado. "A nossa própria existência exige de nós uma reformulação interna a cada etapa e desafio da vida, e se temos nossos casos internos mal resolvidos, teremos sim medo e dificuldades em educar emocionalmente nossos filhos".
A importância da educação emocional
Na educação emocional, a responsabilidade dos pais é traduzir as emoções, dar nome ao que os pequenos sentem, e os ensinar a lidar e expressar os sentimentos que vem, seja raiva, ciúme, medo, desejo, ou qualquer outro. Gerenciar os conflitos e ensinar os pequenos a se organizarem internamente a cada situação desconhecida ou de estresse vai ajudar a chegar na vida adulta sem querer fugir de suas obrigações e deveres, e vão se respeitar mais.
Muitos distúrbios afetivos apresentados na vida adulta têm a sua origem no início de nossas vivências e podem se agravar devido às experiências enfrentadas. "Quando temos a base de apoio necessária para colocar a prova as nossas qualidades, talentos e expressar a nossa essência com segurança, haverá grande chance de superarmos os obstáculos da vida de forma mais leve, tranquila, com amorosidade e confiança", garante a especialista.
Autoridade x Autoritarismo
Construir autoridade com seus filhos é diferente de construir uma relação autoritária. A diferença básica é que a autoridade é construída com amor e respeito, e o autoritarismo é construído através do medo e de ameaças. Em vigor desde junho de 2014, a Lei da Palmada é criticada por indivíduos que defendem o modo tradicional de educação, alegando que sempre foi usada como método de correção comportamental e nunca provocaram distúrbios nas pessoas. Não entrando nesse mérito, Dra. Vannessa é a favor do diálogo com a criança, orientando-a na expressão de seus sentimentos e fazendo-a refletir sobre suas ações. Mas acrescenta que é importante os pais usarem a linguagem do amor. "Um instrumento muito eficaz para construir uma sólida relação de autoridade com os filhos é o limite. Um ser humano que não é construído com limites, respeito, afetividade e amor se torna autodestrutivo e destrutivo", conclui.