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Rio ganha adeptos da coletividade política em campanha para vereadores este ano

Desilusão política faz tendência coletiva crescer no cenário eleitoral carioca no pleito de 2020

Por Portal Eu, Rio! em 04/08/2020 às 14:53:10

A Liga: candidatura coletiva para vereador do Rio. Foto: Divulgação

Você já ouviu falar em Mandato Coletivo? No Brasil, a primeira experiência oficial foi na cidade de Alto Paraíso, em Goiás. Um grupo de cinco co-vereadores, autodenominado “ecofederalista” e “antipartidário”, foi eleito em 2016. Em 2018, candidaturas coletivas se elegeram para as Assembleias Legislativas dos Estados de São Paulo e Pernambuco. Em 2020, eles ganharam ainda mais espaço, se transformando em uma forte tendência na política brasileira.

O mandato coletivo tenta se apresentar como uma resposta ao desgaste da política tradicional e uma forma de superar o culto ao personalismo, tão presente nesse meio. Neste formato, a cadeira parlamentar é assumida por um membro de um coletivo, cujo nome é registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral, já que - pela atual legislação - somente uma pessoa pode se candidatar a um cargo eletivo. No entanto, esse parlamentar eleito continua representando o coletivo. Todo o seu trabalho, atuação e as decisões sobre o mandato serão realizadas em conjunto com o seu grupo.

A Liga

No Rio, essa tendência surgiu com a pré-campanha d’A Liga, coletivo que pretende disputar um lugar na Câmara Municipal carioca. “A Liga” é composta por Pedro Gerolimich, Alice Rodrigues, Guilherme Azevedo, Janaína Bemvindo, Kely Louzada e Roberto Anderson, seis ativistas sociais envolvidos em causas complementares como educação, cultura, urbanismo, empreendedorismo e sustentabilidade. Eles se uniram com o propósito de construir uma cidade melhor.

A ideia de formar A Liga veio da insatisfação com os rumos da política na cidade e se concretizou após um encontro do grupo na Biblioteca Parque. Surgiu ali uma parceria cheia de aspirações e muito conteúdo.

Pedro Gerolimich é o pré-candidato oficial da Liga, representando o coletivo para fins eleitorais. Filiado ao PSB, é militante na área da cultura e da democratização da leitura. Atuou como Superintendente de Leitura e Conhecimento na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e criou os projetos Livro de Rua e Histórias por Telefone. Quando perguntado sobre o que tem em comum com o restante de seu grupo, ele responde: “Além de sermos apaixonados pelo Rio, carregamos o inconformismo de ver os graves problemas da nossa cidade se repetindo sem nada ser feito. É frustrante viver em um local com tanto potencial desperdiçado. Toda essa nossa insatisfação precisava virar algo mais real e produtivo, assim nasceu A Liga”, conta.

Segundo Pedro, o desejo é estimular o processo democrático para a busca de soluções. "Acredito que um grupo que tem ações, vivências e conhecimento em diversas áreas pode contribuir com mais representatividade, colaborando para a transformação efetiva da nossa cidade”. Pedro explica que A Liga pode ser um movimento capaz de mudar a forma de se fazer e pensar a política tradicional no Rio.

Roberto Anderson, outro membro do coletivo, é arquiteto e urbanista e já foi candidato em eleições anteriores, inclusive como vice-prefeito na candidatura de Alessandro Molon em 2016. Sobre a proposta de pré-candidatura coletiva, ele acrescenta: “a sociedade sempre está à frente da legislação. Mesmo que ainda não tenhamos uma lei que acolha esta proposta de mandato coletivo, abraçamos a ideia, acreditando na força que temos quando nos unimos para melhorar nossa cidade”, afirma.

Já Kely Louzada, fundadora da ONG Meninas e Mulheres da Mangueira, comunidade onde vive, explica a escolha do nome: “O que é uma liga? Em sua definição literal significa uma aliança ou união entre pessoas para um bem comum, e é essa a ideia principal. Acreditamos que juntos poderemos fazer muito mais. Uma gestão eficiente e forte só é possível com a colaboração e união de todas as pessoas envolvidas nesse processo", acredita.

Janaina Bemvindo, também participante d’A Liga conta sobre a importância do envolvimento nos assuntos políticos da cidade. “Não podemos cruzar os braços diante dos problemas, precisamos acreditar no poder da transformação e para isso é preciso união e comprometimento. A Liga veio para fazer a diferença na política, através da construção coletiva e da participação democrática”, finaliza.

A mais nova do grupo, Alice Rodrigues, tem 23 anos, é publicitária e possui no coração o desejo de mudança. A moradora do Complexo do Alemão atua em movimentos sociais ligados aos direitos humanos, além de causas da saúde das mulheres negras da periferia.

O sexto componente do coletivo é Guilherme Azevedo, empresário do segmento de cultura, bares e restaurantes. Em seu curriculum, carrega uma vasta bagagem e uma inquietude com o setor de cultura e com as dificuldades encontradas pelos micros e pequenos empresários para sobreviver.

Conheça algumas das propostas da LIGA:

1- Inclusão digital já! Acesso gratuito à internet banda larga, em favelas e bairros populares;
2- Educação é prioridade: escolas com ensino integral desde a primeira infância, segundo turno escolar com atividades culturais e esportivas, além da valorização dos professores e funcionários;
3- A gente quer comida, diversão e arte: editais democráticos de incentivo à cultura e ações locais;
4- Rio Cidade Sustentável: gestão da cidade considerando as questões da sustentabilidade
5- Casa carioca: programa habitacional de qualidade para pessoas de baixa renda, urbanização de favelas, e assistência técnica gratuita à construção e reforma de habitações populares.;
6- Cumpra-se Carioca: fiscalização da implantação das leis municipais importantes já aprovadas;
7- Rio Cidade dos Livros - Investimento em políticas de leitura, adoção do livro como item essencial em cestas básicas, estímulo a novos escritores, adoção do modelo de bibliotecas-parque e valorização das bibliotecas comunitárias;
8- Vale cultura para professores e pais de alunos regularmente matriculados na rede pública;
9- Cidade inclusiva: luta contra todas as formas de opressão, como racismo, homofobia, gordofobia e intolerância religiosa
10 - Oferecimento de vagas em creches públicas, em horário integral, para todas as mães que precisarem.

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