Estudos clínicos de fase 3 confirmam a eficácia da vacina contra a covid-19 produzida pela Fiocruz e desenvolvida pela Universidade de Oxford. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (23) pela Fundação e deixa os cientistas otimistas com uma vacinação em larga escala de brasileiros a partir de 2021.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, revela que a vacina apresentou 90% de eficácia nos testes. A importância disso está elacionada à capacidade de produção da vacina pela Fundação. Para isso, inicialmente foi aplicada uma dose reduzida pela metade. Em seguida, uma outra dose foi aplicada na quantidade padrão de vacina.
As duas doses foram aplicadas em um espaço de um mês. O esquema permitiu o aumento de 30% no número de pessoas a serem vacinadas no próximo ano, com a mesma capacidade de produção da Fiocruz:
"No primeiro semestre teríamos 100,4 milhões de doses para oferecer para 50,2 milhões de brasileiros. No entanto, com esse protocolo anunciado, as mesmas 100,4 milhões de doses poderão ser utilizadas na vacinação de cerca de 65 milhões de pessoas. E no segundo semestre, com a produção 100% nacional na Fiocruz e mais 110 milhões de doses, poderemos vacinar mais 71,5 milhões de pessoas. Isso coloca o país numa posição privilegiada entre as nações que terão um grande número de doses para as suas populações", anuncia o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger.
Os testes da Fiocruz envolveram 11.636 voluntários. Desses, 30 testaram positivo para a Covid-19 mesmo após serem vacinados. Porém, esses casos não evoluíram para uma situação grave. Krieger ressalta os resultados positivos em relação a idosos:
"Vimos recentemente dados divulgados que mostram que essa vacina fornece uma resposta imunológica muito forte em idosos, uma população vulnerável que não tem respondido tão bem em outras vacinas que têm sido estudadas, e que os adultos jovens têm resposta tão boa quanto os mais velhos. Ou seja, a vacina cumpre o papel de proteger as pessoas e ainda tem efeito adicional de diminuir a transmissão do vírus", avalia Krieger.
Outra vantagem da vacina produzida pela Fiocruz está relacionada ao preço. Segundo o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Mauricio Zuma, a expectativa é a de que cada dose da vacina custe entre US$ 3 e US$ 4 (R$ 16,14 e R$ 21,52). Preço bem inferior a outras vacinas em teste, como a Sputnik V, da Rússia, cuja a estimativa de preço está em torno de US$ 10 (R$ 53,80).
Outro dado que deixa os cientistas animados é a possibilidade de armazenamento da vacina em temperaturas mas adequadas ao sistema brasileiro. Esta vacina pode ser armazenada e transportada na temperatura de 2,8º C. Desse modo, a sua distribuição e armazenamento pode usar a logística do Programa Nacional de Imunizações (PNI/MS).
Ouça o vice-presidente da Fiocruz, Marco Krieger: