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Do Leme ao Pontal

Rio tem sábado com sol, mas de praias vazias para conter o avanço da covid-19

Prefeito proibiu banho de mar, esportes e permanência na areia, além de fechar áreas de lazer e reforçar fiscalização da orla pela Guarda Municipal


Num dia de sol e calor acima de 30°, praias ficaram vazias na maior parte da orla carioca, por causa das medidas da Prefeitura contra a pandemia da Covid-19 Foto Agência Brasil Tânia Rêgo

Mesmo com sol forte e calor, as praias ficaram praticamente vazias no Rio de Janeiro. É que para conter o avanço da covid-19, o prefeito Eduardo Paes proibiu o banho de mar, a permanência e a prática de qualquer esporte na areia, incluindo o comércio ambulante. O estacionamento na orla e a entrada de ônibus de turismo na capital fluminense também estão proibidos. As medidas, que incluem, ainda, o fechamento das áreas de lazer, começaram a valer no primeiro minuto deste sábado e vão até às 5 horas da manhã de segunda-feira (22/3).

Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a reportagem da Rádio Nacional sobre o reflexo, no movimento das praias, das medidas de restrição anunciadas pela prefeitura do Rio.

A fiscalização está sendo feita por agentes da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal da Ordem Pública. Eles chegaram cedo nas praias e ocuparam os pontos mais procurados por banhistas. Aqueles que insistem em permanecer nas praias são orientados a deixar o local. E quem se recusar a sair pode ter que pagar multa de R$ 560.

Estas medidas foram incorporadas às restrições já em vigor, como a proibição de permanência nas vias públicas entre 11 horas da noite e cinco horas da manhã, o funcionamento de bares e restaurantes até às 9 horas da noite e o escalonamento das atividades econômicas.

Na segunda-feira, o prefeito Eduardo Paes se reúne com o Comitê Científico para avaliar a situação da cidade e a ocupação de leitos com casos de covid-19 nos hospitais. Nessa sexta-feira, durante a divulgação do boletim epidemiológico, ele considerou grave o quadro da doença na cidade e deixou aberta a possibilidade de endurecer ainda mais as medidas restritivas.

O governador em exercício, Claudio Castro, que de início negou apoio a medidas mais duras, chamou para o início da noite de sábado (20/3) uma reunião com Eduardo Paes e outros prefeitos da Região Metropolitana, depois que cidades como Nilopólis, Nova Iguaçu e São João de Meriti entraram na fase roxa, que corresponde a um crescimento sem controle do contágio e a um virtual colapso do sistema hospitalar.

As medidas foram anunciadas em um momento onde o Rio de Janeiro, assim como o resto do Brasil, atravessa um dos momentos mais críticos desde o início da pandemia de covid-19. A taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) disponibilizados na rede pública para pacientes com covid-19 alcançou 95% na capital fluminense. A cidade tem 622 pessoas internadas em leitos de tratamento intensivo, o maior número desde o início da pandemia. Em todo o país, foram registradas ontem (19) 2.815 mortes por covid-19.

Motoristas que desrespeitam novas regras de estacionamento na orla estão tendo veículos rebocados. A fiscalização em outras regiões da cidade também levou à interrupção de uma festa clandestina na região boêmia da Lapa e à aplicação de multas em diversos estabelecimentos.

A princípio, as regras anunciadas na sexta (19/3) irão vigorar entre hoje (20/3) e segunda-feira (22/3). As restrições constam no Decreto 48.641, editado pelo prefeito Eduardo Paes. Não apenas o banho de mar, como a permanência nas praias, a prática de esportes e o comércio na faixa de areia estão proibidos em qualquer horário. Somente os quiosques situados na calçada poderão funcionar.

Também foi suspenso o fechamento parcial de algumas vias da orla carioca, que ocorrem nos fins de semana para o lazer de pedestres e ciclistas. Para evitar aglomerações, elas permanecem abertas para o tráfego de carros. Mas ônibus e outros veículos fretados estão proibidos de circular. O decreto proíbe ainda o estacionamento na orla, com exceção para moradores, idosos, portadores de necessidades especiais, hóspedes de hotéis e táxis.

"No primeiro dia de operação foram multados 429 veículos na orla entre 0h e 7h", informou em nota a Secretária Municipal de Ordem Pública (Seop). A pasta acrescenta ainda que rebocou 124 veículos entre 7h de sexta e 7h deste sábado.

Um novo calendário de vacinação da cidade do Rio de Janeiro foi divulgado na quinta-feira (18). Ele prevê o início da aplicação dos imunizantes na população com 74 anos a partir de segunda-feira (22). Os idosos com 73 anos deverão começar a ser atendidos na quinta-feira (26), com 72 no dia 29 de março, com 71 no dia 31 de março e com 70 no dia 3 de abril.

Festa interrompida

As regras determinaram o fechamento das praias se somam a outras que já vigoravam na capital fluminense desde o dia 11 de março. O Decreto 48.604, que também tem validade até a próxima segunda-feira (22), fixa o toque de recolher entre as 23h e as 5h. Durante este horário, é proibida a permanência de pessoas nas vias públicas. Além disso, bares e restaurantes precisam fechar as portas até as 21h, podendo atender clientes com delivery após este horário. O comércio está autorizado a funcionar entre as 10h30 e as 21h.

A maioria das atividades econômicas com atendimento presencial deve respeitar a lotação máxima de 40%. Há previsão de multa no valor de R$ 562,42 para pessoas que não usarem máscaras ou participarem de aglomerações. Estabelecimento que desrespeitarem as normas também são multados.

Com base no Decreto 48.604, guardas municipais e policiais militares interromperam na noite de sexta (19/3) uma festa clandestina que acontecia no estabelecimento Street Lapa Lounge, na Lapa. No local, havia cerca de 50 pessoas. O responsável pelo espaço foi multado por promover aglomeração e por funcionamento não autorizado. Outros 25 estabelecimentos fechados e 100 multas foram aplicadas nas ações realizadas entre a noite de ontem e esta madrugada.

Nos últimos oito dias, de acordo com a Seop, foram registradas 8.426 autuações entre multas e interdições a estabelecimentos, não utilização de máscaras, aglomerações, infrações de trânsito, reboques, encerramento de feiras, apreensões de mercadorias de ambulantes. No período, foram fechados 280 estabelecimentos e aplicadas 338 multas a bares, restaurantes e ambulantes.

Restrições similares foram impostas pelo governo do Rio de Janeiro para todo o estado. Um decreto editado pelo governador interino Cláudio Castro, com validade até quinta-feira (25/3), também estabeleceu toque de recolher entre as 23h e as 5h e definiu limites para o funcionamento de bares, restaurantes, estabelecimento culturais, lojas comerciais, academias, shoppings, entre outros. Em nota, o governo estadual pede que a população fortaleça ações como distanciamento social e mantenha o uso de máscaras.



RadioAgência Nacional e Agência Brasil

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