Uma em cada nove pessoas do planeta foi vítima da fome em 2017, segundo a nova edição do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, divulgado nesta terça-feira (11) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No ano passado, quase 821 milhões de pessoas passaram fome no mundo. O aumento dos últimos três anos gera preocupação e diminui as expectativas da ONU de erradicar a fome no mundo em 2030.
Segundo a análise do professor de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Tomaz Langenbach, o fator principal do aumento da fome é a má distribuição de renda. “Tem alimentos suficientes no mundo para todos, mas as pessoas não têm dinheiro para comprar”, destacou.
Tomaz citou também a crescente automação das empresas que substitui pessoas por máquinas e piora a situação financeira dos mais pobres.
“Isso é perigosíssimo porque aumenta o desemprego e, consequentemente, piora a distribuição de renda e a pobreza. Eu acredito que deveria ter um fundo de redistribuição de renda por meio da taxação dessas máquinas. As pessoas podem não ter mais trabalho no futuro, mas precisa ter comida no prato para não causar uma selvageria geral. É um absurdo sermos ricos e não sabermos distribuir pelo menos um pouco para que os mais pobres tenham o que precisam para sobreviver”, afirmou.
O relatório apontou também que as principais causas do avanço da subnutrição foram conflitos armados, crises econômicas, variações do clima e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes.
A pesquisa deste ano foi elaborada pela FAO junto com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a análise, a fome avançou na América do Sul e na maioria das regiões da África, ao passo que os índices de subalimentação da Ásia, embora continuem a diminuir, apresentaram uma desaceleração no ritmo de queda. Confira a íntegra do relatório da FAO: http://www.fao.org/3/I9553ES/