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Projeto 'África Diversa' discute cultura afro-brasileira e africana

Evento online e gratuito reúne historiadores, pesquisadores, artistas e representante da UNESCO


Foto: Divulgação

Entre as próximas segunda e sexta-feiras (19 a 23 de abril), a edição 2021 do projeto “África Diversa” abordará os temas "Escravidão no Brasil", "Escravidão no Rio de Janeiro", "Narrativas Africanas" e "Narrativas Afro- brasileiras". Toda a programação será digital, gratuita e exibida pela página do Facebook. O evento conta com mesas de debate, oficinas e vídeos, com participações de Milton Guran, Elisa Larkin Nascimento, Rafael Galante, Sérgio Pererê, Rogério Athayde, entre outros. O projeto é patrocinado pela Lei Aldir Blanc, pelo Fomento a Todas as Artes, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, da Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo do Brasil e Geral Projetos Culturais.

“Estamos em plena década afrodescendente, que vai até o ano de 2024. Os desafios para o reconhecimento e justiça na abordagem desses temas e pontos, como o racismo, ainda são imensos. Queremos colaborar através de reflexões sobre temas culturais para a inspiração de ações e práticas que possam trazer ganhos sociais, principalmente para as populações negras”, relata Daniele Ramalho, gestora e curadora do projeto.

Sobre o África Diversa

O projeto foi criado em 2011, proclamado pela UNESCO como o Ano Afrodescendente. Naquele momento, a cidade preparava o projeto Porto Maravilha, que criou o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, no Cais do Valongo. Nesses 10 anos, muitas questões mudaram, assim como o olhar sobre as temáticas das culturas africanas e afro- brasileiras também. O África Diversa acontece através de uma parceria entre a Geral Projetos Culturais, a Prefeitura do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, e teve a sua primeira e segunda edições realizadas no Centro das Artes Calouste Gulbenkian. Em 2013, o projeto aconteceu no Centro Cultural José Bonifácio, em sua reinauguração, na ocasião do lançamento da candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio Mundial da UNESCO, com patrocínio da CDURP/Porto Maravilha e Prefeitura do Rio de Janeiro. Já em 2014, a edição ocorreu no Museu de Arte do Rio (MAR), com patrocínio através do Fomento à Cultura do Rio de Janeiro. A presente edição está sendo realizada através da Lei Aldir Blanc, pelo edital “Fomento a Todas as Artes” da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo do Brasil.

Programação

Dia 19 de abril

9h30 - Abertura

• Daniele Ramalho, curadora e gestora do África Diversa

• Tabué Nguma- diretor do programa “Rota dos Escravos”, na UNESCO

10h- Mesa “Cais do Valongo: silenciamentos, patrimonialização e reparação”

Debate sobre os processos de patrimonialização do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, no Cais do Valongo, abordando os silenciamentos, enquadramentos e desafios que envolvem a elaboração de um circuito em torno da memória e história da escravidão na cidade do Rio de Janeiro.

Participantes:

Milton Guran, coordenador-geral do FotoRio e membro do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da UNESCO.

Simone Vassalo - Tem experiência na área de antropologia do patrimônio, antropologia da diáspora afro-brasileira, antropologia dos museus e antropologia urbana. Atualmente, desenvolve uma pesquisa sobre as representações da escravidão na Zona Portuária do Rio de Janeiro a partir dos sítios arqueológicos Cais do Valongo e Cemitério dos Pretos Novos.

18h- Oficina “Literatura oral de Ifá”

Contar histórias é uma das maneiras de compreender a condição humana. Neste sentido, a possibilidade de transmissão dos conteúdos narrativos cria mecanismos dinâmicos para o ambiente cultural, tornando-se importante elemento constitutivo da vida em sociedade. A literatura oral de Ifá cumpre estes mesmos papéis, sendo também expressão de “cura”, no contexto da consulta oracular. A oficina “Literatura oral de Ifá” pretende discutir estes aspectos, a partir de uma abordagem tanto religiosa quanto filosófica. A oficina é ministrado pelo babalaô, escritor e pesquisador Rogério Athayde.

Dia 20 de abril

10h- Mesa “Matriz Africana no Rio de Janeiro: protagonismos negros e desafios sociais”

Serão discutidos temas como renda, escravidão e liberdade. Juliana Barreto Farias contará sobre o livro “Mercados Minas: africanos ocidentais na Praça do Mercado do Rio de Janeiro (1830- 1890)”, obra fundamental no estudo da historiografia da escravidão no Brasil, onde a autora aborda o papel dos africanos e africanas minas que atuaram no comércio do Mercado da Candelária e os lugares por eles ocupados. Já Elisa Larkin trará as pesquisas de seu livro “O Sortilégio da Cor”, com importantes análises em torno de questões identitárias, explicando suas teses sobre racismo e negritude.

Participantes:

Juliana Barreto Farias - Investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa. Tem experiência em produções editoriais e na área de história, com ênfase na história do Brasil, da África e da diáspora africana.

Elisa Larkin Nascimento - atua no IPEAFRO, Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros e coordena o tratamento técnico e a difusão do acervo de Abdias Nascimento.

18h- Oficina “Linha do Tempo dos Povos Africanos”

A oficina trabalha com a Linha do Tempo dos Povos Africanos e respectivo Suplemento Didático, criados por Elisa Larkin Nascimento. Partindo da apresentação, pela autora, dos conteúdos das duas peças, a metodologia da oficina se baseia no diálogo com as pessoas participantes. Além de perguntas e respostas, a professora busca explorar sugestões e iniciativas apresentadas por educadores, artistas e profissionais presentes.

Dia 21 de abril

10h- Mesa “O Reinado e a Herança Africana: culturas musicais e identidades afro- diaspóricas”

Rafael Galante pesquisa os processos de transformação, (re)criação e incorporação das culturas africanas e suas musicalidades no Brasil, tendo em vista a agência histórica (cri)ativa dos músicos africanos escravizados oriundos de Angola e do Congo que, entre os séculos XVI e XIX, construíram em diáspora as bases de boa parte das músicas populares contemporâneas. Sérgio Pererê traz, em seu trabalho musical, uma forte conexão com a ancestralidade, entre o congado, o candomblé e outras referências africanas e da diáspora, com sua voz potente e afetos que o atravessam.

Participantes: Sérgio Pererê, compositor, percussionista, poeta e ator; Rafael Galante, historiador e etnomusicólogo.

18h- Oficina “Ser agudá é ser brasileiro da África”

Nesta oficina, o fotógrafo e antropólogo Milton Guran apresentará a sua experiência de pesquisa antropológica realizada nas Repúblicas do Benin e do Togo, em dois momentos (1996 e 2010), sobre a construção da identidade agudá, enfatizando o papel da fotografia como plataforma privilegiada de observação e de registro de fenômenos sociais visualmente relevantes, que apoia a produção de conhecimento cientificamente controlado sobre as sociedades fotografadas.

Dia 22 de abril

10h- Mesa “Narrativas de Liberdade Negra: trajetórias africanas e afro-brasileiras”

Debates sobre temas da escravidão e da liberdade, através de trajetórias de protagonismos negros em experiências africanas e afro-brasileiras.

Participantes:

Ana Flávia Magalhães Pinto - ativista dos Movimentos Negro e de Mulheres, atualmente é coordenadora da regional Centro-Oeste do GT Emancipações e Pós-Abolição da Anpuh e integrante da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros.

Mônica Lima - professora de História da África, coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos (LEÁFRICA) da UFRJ. Escreveu o livro Heranças Africanas no Brasil (CEAP,2009).

18h- Oficina “Brincadeiras das Crianças de África”

Criança é criança em qualquer lugar. Todas gostam de brincar, correr, cantar, jogar e ouvir histórias. No Continente Africano não poderia ser diferente. Que tal aprender algumas dessas brincadeiras baseadas nas recolhas e pesquisas realizadas pelo autor Rogério Andrade Barbosa em diferentes países africanos?

Dia 23 de abril

14h- Oficina “Entre a marimba e o piano: músicos e musicalidades negras no Brasil do século XIX”

Ministrada pelo historiador e etnomusicólogo, Rafael Galante. Sua pesquisa envolve a história social das musicalidades afro-brasileiras. O intuito principal é refletir sobre a diáspora das culturas da África Central ocidental no Brasil, tendo em vista a importância primordial de seu legado cultural, artístico e filosófico para a formação das tradições culturais afro-brasileiras.

18h- Mesa de encerramento: “Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez. Lugares de negras: produção de conhecimento e possibilidades”

Participantes:

Raquel Barreto – historiadora e pesquisadora especialista nas autoras Angela Y. Davis e Lélia Gonzalez com dissertação sobre o tema. É co-curadora da exposição da Carolina Maria de Jesus, um Brasil para os brasileiros, que acontecerá no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, no segundo semestre de 2021.

Fernanda Felizberto - docente do Departamento de Letras da UFRRJ e pesquisadora das narrativas de mulheres negras, presente nas literaturas africanas, negro-brasileira, afro-americana e afro-latina.

Mais informações pelo e-mail geral.projetosculturais@gmail.com



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